Congressistas da direita do Peru exigiram nesta segunda-feira (13) ver o cadáver do líder histórico da guerrilha maoísta Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, enquanto seu corpo permanece desde sábado no necrotério à espera de que o Ministério Público decida se o entregará à sua viúva, presa, para sepultá-lo.

O MP deve tomar uma decisão nas próximas horas, em meio a versões veiculadas na imprensa de uma teleconferência do promotor com Elena Yparraguirre, viúva de Guzmán e número dois da organização maoísta que cumpre prisão perpétua desde 1992 em um presídio de Lima, que autorizou uma terceira pessoa a recolher o corpo do necrotério para enterrá-lo.

Desde a morte de Abimael Guzmán aos 86 anos, no sábado, surgiram reivindicações para ver seu corpo devido a suspeitas de alguns que consideram que o presidente de esquerda Pedro Castillo simpatizava com o Sendero Luminoso, o que o presidente nega categoricamente.

“Lamento muito que autoridades do Ministério Público tenham impedido que se verifique que o corpo mantido no Necrotério de Callao é do terrorista Abimael Guzmán”, tuitou o congressista José Cueto, um ex-almirante que chefiou operações antiterroristas há uma década.

Cueto, do partido Renovação Popular, de ultradireita, denunciou que o MP determinou que ninguém entre no necrotério.

“Seguiremos em busca de saber se realmente é ele”, disse a congressista Marta Moyano, que sugeriu “incinerá-lo” para que seus seguidores não lhe prestem culto.

Os questionamentos permanecem, apesar da confirmação da polícia no domingo.

“Confirmou-se fidedignamente, após os estudos científicos, que a pessoa falecida na Base Naval de Callao é o líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán”, informou a polícia após realizar os exames de necropsia.

O corpo de Guzmán, que segundo o MP, morreu de “dupla pneumonia” em uma prisão naval de segurança máxima onde cumpria prisão perpétua desde 1992, está desde então sob custódia policial no necrotério de Callao.

O ministro da Justiça, Aníbal Torres, sugeriu no sábado incinerá-lo por se tratar de uma “situação extraordinária”.

“Manifestei que esta situação é particular, extraordinária, por se tratar de uma pessoa que foi um genocida; por isso uma sepultura igual à de outro cidadão pode dar lugar a que seus seguidores lhe rendam culto, homenagem e, assim, promova-se novamente a violência no país”, disse o ministro à rádio RPP.

Guzmán, um professor universitário de filosofia, passou seus últimos 29 anos preso, condenado como mentor intelectual de um dos mais sangrentos conflitos da América Latina, com 70.000 mortos, segundo a Comissão da Verdade e Reconciliação.