RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Brasil conquistou em Tóquio sua melhor participação em Jogos Olímpicos, com recorde de pódios e a mais alta colocação do país no quadro de medalhas. Mas isso não foi conquistado com novos investimentos. O Brasil tirou proveito do legado da Olimpíada do Rio em 2016 e também da inclusão de novas modalidades em que o país tem brilhado nos últimos anos, surfe e skate, que renderam mais 4 medalhas – sem elas o desempenho teria sido pior que em 2016.

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Os atletas brasileiros conquistaram 21 medalhas nos Jogos de Tóquio, duas a mais que na edição passada realizada no Rio de Janeiro, e igualaram o recorde de 7 medalhas de ouro, o que colocou o país em 12º lugar no quadro de medalhas – uma posição acima da conquistada na Olimpíada de 2016.

“Chegamos ao fim de mais uma edição dos Jogos Olímpicos. E com muita propriedade podemos dizer: que edição, amigos! Essa foi para ficar na história”, comemorou o Time Brasil em postagem nas redes sociais.

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A participação histórica ocorreu apesar de uma queda no investimento no setor por parte do governo federal, que acabou com o Ministério do Esporte desde a pose do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação, no ciclo olímpico de Tóquio o montante total destinado pelo Ministério da Cidadania ao programa Bolsa Atleta foi de 530,4 milhões de reais, ante 641,1 milhões no período referente ao Jogos do Rio – apesar de o ciclo atual ter tido um ano a mais devido ao adiamento dos Jogos por causa da pandemia.

Segundo o governo, o investimento federal no esporte de alto rendimento é de 745 milhões de reais por ano, somando os recursos do Bolsa Atleta, da Lei de Incentivo ao Esporte e da Lei das Loterias que destina recursos ao Comitê Olímpico do Brasil (COB).

“A gente está muito próximo de realizar o sonho de entrar para o Top 10 dos melhores no quadro de medalhas. Vamos seguir investindo no esporte e priorizando a base para chegarmos ao alto rendimento em condições ainda melhores”, afirmou o secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães.

Novidades e velhos conhecidos

Estreando em Jogos Olímpicos, skate e surfe deram ao Brasil quatro medalhas olímpicas, sendo um ouro para o surfista Ítalo Ferreira e pratas para os skatitas Rayssa Leal, Pedro Barros e Kelvin Hoefler — todos vencedores de grandes torneios internacionais nos último anos.

Canoagem, ginástica, boxe, atletismo, natação, judô, futebol e vôlei foram modalidades que voltaram ao pódio na capital japonesa após terem conquistado medalhas no Rio, ressaltando o legado esportivo da realização de uma Olimpíada em casa.

Ganhador de duas pratas e um bronze no Rio, o canoísta Isaquias Queiroz agora subiu um degrau no pódio e sagrou-se campeão olímpico, enquanto a ginasta Rebeca Andrade, então revelação há quatro anos, agora se tornou um dos maiores nomes do esporte brasileiro, com um ouro e uma prata.

O boxe, que no Rio conquistou uma medalha de ouro, agora saltou para três pódios, enquanto o saltador Thiago Braz conquistou a segunda medalha seguida, com um bronze no Japão depois do ouro no Rio no salto com vara.

A participação das mulheres foi fundamental para o bom desempenho do Brasil, com nove pódios em Tóquio contra cinco no Rio, sendo três ouros no Japão: Rebeca, Ana Marcela Cunha (maratona aquática) e Martine Grael e Khaena Kunze (vela).

O país também conquistou uma medalha inédita no tênis, com a dupla feminina Laura Pigossi e Luisa Stefani.


O vôlei de praia foi a grande decepção brasileira em Tóquio, ficando sem medalha pela primeira vez desde a inclusão da modalidade em Olimpíadas, em Atlanta 1996. Outros dois esportes também medalharam no Rio, mas não voltaram ao pódio em Tóquio: taekwondo e tiro esportivo.

“A verdade é a seguinte, o mundo está investindo no vôlei de praia e nós ficamos parados”, disse o campeão olímpico da praia Alison, que dessa vez foi eliminado nas quartas de final.

(Edição de Camila Moreira)

 


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