Leão XIV pede por entrada de ‘ajuda humanitária digna’ em Gaza

VATICANO, 21 MAI (ANSA) – O papa Leão XIV celebrou nesta quarta-feira (21), na Praça São Pedro, no Vaticano, a primeira audiência geral de seu pontificado e disse estar preocupado com a situação na Faixa de Gaza, apelando para Israel autorizar a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.   

“Renovo meu apelo para que seja permitida a entrada de uma ajuda humanitária justa e para que se ponha fim às hostilidades, cujo alto preço é pago por crianças, idosos e doentes”, declarou o Pontífice.   

Segundo Robert Francis Prevost, “a situação na Faixa de Gaza é cada vez mais preocupante e dolorosa”.   

O apelo feito pelo líder da Igreja Católica ocorre um dia após a Organização das Nações Unidas alertar que pelo menos 14 mil bebês poderão morrer de fome nas próximas 48 horas no enclave palestino em razão do bloqueio da entrada de ajuda humanitária.   

Além disso, coincide com as denúncias feitas pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) contra Israel, que estaria limitando a entrada de uma ajuda “ridicularmente insuficiente”.   

Após mais de 10 semanas bloqueando totalmente a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, as autoridades israelenses chegaram a autorizar a entrada de 10 caminhões. No entanto, a ONU contradisse Israel, alegando que nenhuma assistência foi distribuída aos civis locais até hoje.   

Catequese – Perante milhares de fiéis, Leão XIV também fez um giro entre os presentes no novo papamóvel e celebrou a primeira Catequese do pontificado sobre a esperança iniciada pelo papa Francisco no Ano Jubilar, citando a Parábola do Semeador, do Evangelho de Mateus.   

“Estamos acostumados a calcular as coisas ? e às vezes é necessário ?, mas isso não se aplica ao amor! A maneira como este semeador ‘desperdiçador’ lança a semente ? é uma imagem da maneira como Deus nos ama”, lembrou.   

De acordo com Prevost, “é verdade que o destino da semente depende também da maneira como o solo a acolhe e da situação em que se encontra, mas antes de tudo, nesta parábola, Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo tipo de solo, ou seja, em qualquer uma das nossas situações”.   

“Às vezes somos mais superficiais e distraídos, às vezes nos deixamos levar pelo entusiasmo, às vezes somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores”, explicou.   

Leão XIII enfatizou ainda que “Deus está confiante e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça”, porque “Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, mas sempre nos dá generosamente a Sua palavra”.   

“Talvez, justamente por ver que Ele confia em nós, nasça em nós o desejo de sermos um solo melhor. Esta é a esperança, fundada na rocha da generosidade e da misericórdia de Deus”, acrescentou.   

Para o norte-americano, “esta parábola nos diz que Deus está pronto a ‘se desperdiçar’ por nós e que Jesus está disposto a morrer para transformar as nossas vidas”.   

Comentando a parábola, o sucessor de Francisco citou uma pintura de Vincent Van Gogh. “Tenho em mente aquela bela pintura de Van Gogh: O semeador ao pôr do sol. Aquela imagem do semeador sob o sol escaldante também me fala do trabalho do agricultor. E me impressiona o fato de que, atrás do semeador, Van Gogh representou o trigo já maduro. Parece-me uma imagem de esperança: de uma forma ou de outra, a semente deu fruto”.   

De acordo com ele, “não sabemos exatamente como, mas é assim”.   

“No centro da cena, porém, não está o semeador, que está ao lado, mas toda a pintura é dominada pela imagem do sol, talvez para nos lembrar que é Deus quem move a história, mesmo que às vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões de terra e faz a semente amadurecer”, ressaltou.   

Por fim, Leão XIV voltou a lembrar de Jorge Bergoglio, falecido no dia 21 de abril, há exatamente um mês e reiterou o convite da Virgem de Fátima, para os fiéis rezarem o terço todos os dias pela paz. “Não podemos concluir este encontro sem recordar com grande gratidão o nosso querido papa Francisco, que regressou à casa do Pai há apenas um mês”. (ANSA).