Compositor, cantor, educador, ativista cultural e socioambiental: este é Leal, o artista que une a paixão pela arte às causas humanitárias mais latentes no Brasil.

Em entrevista ao site IstoÉ Gente, o cantor falou sobre a importância de levar cultura para as periferias de São Paulo, e revelou uma curiosidade sobre como Ney Matogrosso conheceu seu trabalho.

Segundo ele, o primeiro contato do cantor veterano com sua música foi espontâneo e inesperado. Ney estava viajando de carro com Felipe Roseno quando pediu para ouvir a música que o produtor cultural escutava no fone de ouvido naquele momento.

“Eles estavam na estrada, ele [Felipe] estava trabalhando ainda com uma voz guia, um arranjo. Já tinha o clima da música, mas ainda tinha muita coisa por vir na produção. O Ney, então, falou: ‘quem você está escutando aí?’ ‘Eu estou escutando um artista que eu estou produzindo, o Leal, um artista novo’. ‘Deixa eu ouvir, deixa'”, relatou Leal.

Roseno, então, se recusou a mostrar a música, mas Matogrosso insistiu. “‘Quando ficar pronto, eu deixo, está em processo’. Aí ele falou: ‘não, deixa eu ouvir aí, deixa eu saber’, pegou o fone do Roseno, escutou, e falou: ‘pô, gostei, eu gravaria essa música'”, relembrou Leal, que estava atrás de uma participação feminina para a faixa, mas que após o interesse de Ney, mudou seus planos. “E aí, deu no que deu”, completou.

O cantor não só teceu elogios ao artista, como também pontuou semelhanças entre eles, sobretudo no ativismo ambiental.

“Descobri que a gente tem várias coisas em comum, tanto da relação dele com a Amazônia, por exemplo, tanto depois de ver que ele gravou uma música do Solano Trindade, eu trabalho hoje em dia com o pessoal que é a Agência Solano Trindade, o Victor Trindade é o neto do Solano, e o Ney gravou já uma música, além de ele ter sido produtor do RPM. E eu comecei a tocar violão por causa de Titãs, RPM, Ultraje a Rigor, eu ficava escutando música lá vendo a fitinha rodar, e aí queria ser o Paulo Ricardo na época, né? E era o Ney que tinha produzido o Paulo Ricardo, que eu gostava tanto”, comentou.

Ao ser questionado sobre a forma como atrela a música ao lado educador, Leal

“Eu sempre toquei, mas não banquei a música como algo profissional. Apesar disso, eu tinha consciência da minha condição privilegiada e quis fazer alguma coisa que pudesse retornar para o outro. E foi a psicologia o caminho que eu escolhi e que achei que estava mais viável”, iniciou o artista, que deu aulas para crianças com transtornos psíquicos.

“Através da psicologia fui dar aula de música, fazer oficina e estágio com crianças psicóticas, autistas e psicóticos, além do trabalho de inclusão em escola, formação de educadores. Então, a música virou uma ferramenta de trabalho, a partir do trabalho terapêutico. Depois que comecei a me exercitar como músico profissionalmente, dei aula em uma escola que tinha uma turma de crianças com outras questões de desenvolvimento. Depois disso tudo fui fazer uma formação no espaço musical”, completou.

Leal acredita, aliás, na transformação do indivíduo por meio da música. Para ele, é através da música, muitas vezes, que as pessoas se conectam e deixam as diferenças de lado.

“A música, tanto para as questões do meio ambiente – para mobilizar e sensibilizar -, quanto para questões da desigualdade, é grande. A música, a arte, a festa, a dança, tudo. Mas a música, principalmente, pode favorecer a formação de vínculos e identificação para que você se reconheça no outro, por mais diferente que seja. Acho que musicalizar a vida pode fazer muito bem para a gente”, encerrou.

Novo projeto

O cantor está lançando o álbum de estreia homônimo, “LEAL”, com faixas autorais e inéditas. Ao longo de suas vivências profissionais e pessoais, Leal foi acumulando um repertório autoral formado por canções que tratam das belezas e complexidades das relações, assim como expressam uma visão crítica e reflexiva sobre diversidade social.

Desde maio, o artista vem ao mundo com seu projeto de estreia compartilhando pílulas do seu exercício de composição, cara e identidade em faixas autorais no EP “SIM”. Se antes o público ficou com o gosto de quero mais, o artista chega com o álbum “LEAL” composto por oito outras canções, totalizando assim 12 faixas autorais, para matar essa sede, trazendo participações mais que especiais, como Ney Matogrosso, Davi Kopenawa e Bia Ferreira.