30/04/2017 - 11:53
A ultradireitista Marine Le Pen continuava neste domingo sua ofensiva nas ruas para tomar a vitória de seu rival centrista Emmanuel Macron, desafiando-o em todos os campos, a uma semana do segundo turno das presidenciais.
Após uma visita surpresa aos funcionários de uma fábrica ameaçada de fechamento no momento em que seu rival se reunia com seus sindicados, a candidata da Frente Nacional (FN) depositou flores ante o monumento aos deportados em Marselha (sul), sem avisar a imprensa, pouco antes de uma homenagem similar prevista por Macron.
“Eu não comercializo com as celebrações. Não são um evento eleitoral”, afirmou à rede francesa BFMTV, enquanto sua sobrinha, a deputada Marion Maréchal Le Pen, denunciou o oportunismo de Macron.
Le Pen também improvisou uma visita a Gardanne (sul), centrada na defesa do meio ambiente, defendendo sua visão de uma “verdadeira ecologia”. Esta campanha, dirigida rapidamente desde a noite do primeiro turno, quando ficou na segunda posição, pretende demonstrar que as pesquisas se equivocam ao preverem sua derrota no dia 7 de maio.
Seu rival, o jovem centrista europeísta, de 39 anos, visitou ao fim do dia o Memorial da Shoah e o Memorial dos mártires da deportação em Paris, por ocasião do dia nacional em memória às vítimas da deportação.
“A homenagem que quis fazer hoje é este dever que temos com todas essas vidas perdidas pelos extremos, pela barbárie”, disse. Também evocou o dever “de que não se reproduza nunca mais”.
Os capítulos obscuros da guerra voltaram a surgir durante esta campanha, com várias polêmicas em torno da FN. O presidente interino do partido foi destituído nesta semana depois de ter sido acusado de negacionismo, algo que desmente.
Le Pen: ambígua sobre o euro
A distância se estreita entre os dois finalistas – Emmanuel Macron tem 59% das intenções de voto, contra 41% de sua rival – e a aliança selada no sábado entre Le Pen e o líder de um pequeno partido antieuropeísta pode reforçar a posição da candidata da FN.
Nicolas Dupont-Aignan, que obteve 4,7% dos votos no primeiro turno das eleições, supõe que o abandono da moeda única, medida emblemática de seu projeto dos últimos anos, não é “um pré-requisito” para toda a política econômica, despertando, assim, críticas por suas “contradições”.
Em entrevista ao jornal Le Parisien, Le Pen reafirmou que o país terá “uma moeda nacional”, destinada ao dia a dia dos franceses, enquanto o euro continuará em vigor nas transações internacionais.
A candidata, que busca tranquilizar sobre uma medida controversa para a opinião pública, não dá detalhes sobre os prazos desta transição monetária.
“Proteger a república”
Em busca de votos, Le Pen tenta seduzir os eleitores do líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que terminou em terceiro no primeiro turno, com 19,6% dos votos.
Mélenchon não deu diretrizes de voto para o segundo turno. No entanto, neste domingo, disse que votar em Le Pen seria um “terrível erro”. Mas não manifestou em quem irá votar, nem se vai se posicionar a favor de uma abstenção ou de um voto pelo candidato de centro.
Muitos dos eleitores antissistema da esquerda radical poderiam optar por um voto contestatório em Le Pen.
Paralelamente, multiplicam-se os apelos para exortar os eleitores a votar em Macron e “proteger os valores da República”.
Dirigindo-se aos franceses que pensam em se abster, particularmente os partidários decepcionados com o conservador François Fillon e seguidores de Mélenchon, umas 60 associações e ONGs pediram que se mobilizem frente àquelas e àqueles que defendem um repúdio do outro e um recuo.
Estão previstas para esta segunda-feira manifestações hostis aos dois candidatos, um considerado “capitalista” e outra, “fascista”.