O chanceler russo, Serguei Lavrov, criticou, nesta segunda-feira (19), em Havana, a “hegemonia” e o “domínio” que os Estados Unidos e outras nações do Ocidente tentam impor na ordem internacional, ao iniciar um giro pela América Latina, incluindo visitas ao Brasil e à Venezuela.

“Os meios aos quais os representantes americanos e de outros países ocidentais recorrem com este fim não incluem a diplomacia, mas sim a chantagem, os ultimatos, as ameaças, o uso da força militar bruta e das sanções”, disse o chefe da diplomacia russo ao se reunir com o homólogo cubano, Bruno Rodríguez.

Cuba “conhece de primeira mão o que é uma pressão ilegal, um embargo total, que os Estados Unidos defendem sozinhos como um curso de ação legítimo”, acrescentou, de acordo com o seu discurso publicado em russo no site da chancelaria em Moscou.

Após um distensão alcançada no governo de Barack Obama (2009-2017), Donald Trump endureceu o embargo que Washington mantinha contra Cuba há mais de seis décadas, o que não mudou sob a gestão do atual chefe de Estado americano, Joe Biden.

Estados Unidos e outros países ocidentais reforçaram as sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

O chanceler cubano o recebeu como um “aliado próximo”. “Sua presença em Havana permitirá constatar o excelente estado de nossos vínculos bilaterais e as muitas concordâncias de ambos países da agenda internacional”.

Está previsto que Lavrov se reunirá com o presidente Miguel Díaz-Canel, e que na terça-feira, chegue à Venezuela e posteriormente viaje ao Brasil, para um encontro com chanceleres do G20.

Esta é a segunda visita do ministro russo à ilha em menos de um ano, após uma forte aproximação desde novembro de 2022, quando Díaz-Canel se reuniu em Moscou com o homólogo russo, Vladimir Putin.

No relançamento de relações, no ano passado, ambos países firmaram diversos acordos em diferentes setores, o que suscitou frequentes visitas de altos funcionários russos e cubanos.

O comércio bilateral aumentou nove vezes em 2023 em relação a 2022, quando as trocas comerciais entre Cuba e Rússia alcançaram os 450 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais na cotação da época), segundo números oficiais russos.

Esta aproximação ocorre em um momento em que Cuba vive a pior crise econômica em três décadas, com escassez de produtos e uma espiral inflacionária, acentuadas pelas debilidades estruturais de sua economia.

Em abril, Lavrov agradeceu a Cuba por sua “compreensão” na guerra contra a Ucrânia. Enquanto a ilha tem mantido uma postura neutra, com apelos para uma saída negociada do conflito, também se negou a condenar a ofensiva.

Após informações da imprensa, em setembro, sobre traficantes que recrutavam cubanos para participar na guerra contra a Ucrânia ao lado do Exército russo, Cuba deteve 17 pessoas pelo crime de “mercenarismo”. Até o momento, a situação do processo judicial dos presos não foi informada.

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