O chanceler russo, Serguei Lavrov, chegou nesta segunda-feira (19) a Havana para iniciar um giro pela América Latina, incluindo visitas ao Brasil e à Venezuela, informou o Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

O chanceler russo “chegou hoje a Cuba. Esta visita é a nona que realiza a nosso país desde sua nomeação ao cargo”, acrescentou o ministério em comunicado.

O fortalecimento dos vínculos entre os dois países “representa o maior incentivo no momento em que ambas nações enfrentam duras sanções econômicas e comerciais dos Estados Unidos e alguns de seus aliados”, afirmou o jornal Granma, do Partido Comunista de Cuba.

O ex-presidente Donald Trump endureceu o embargo que Washington mantinha à ilha há mais de seis décadas, o que não mudou sob a gestão do atual chefe de Estado americano, Joe Biden. Enquanto Moscou foi alvo de sanções dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia em fevereiro de 2022, após a Rússia invadir a Ucrânia.

Lavrov deve se reunir com o presidente Miguel Díaz-Canel, e na terça-feira, chega à Venezuela e posteriormente viaja ao Brasil, para um encontro com chanceleres do G20.

Esta é a segunda visita do ministro russo à ilha em menos de um ano. Rússia e Cuba mantêm uma forte aproximação desde novembro de 2022, quando Díaz-Canel se reuniu em Moscou com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

No ano passado, ambos países firmaram diversos acordos em diferentes setores, o que suscitou frequentes visitas de altos funcionários russos e cubanos.

“Em 2023 nosso comércio bilateral aumentou nove vezes em comparação com o mesmo período do ano passado”, declarou em dezembro o embaixador russo, Victor V. Koronelli, à televisão estatal cubana.

De acordo com números de Kiev, em 2022 as trocas comerciais entre Cuba e Rússia alcançaram os 450 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais na cotação da época).

Entre os principais projetos de participação russa estão a assessoria a um campo petrolífero, localizado na província central de Mayabeque, o início de uma operação de um laminador em uma siderúrgica em Havana e a modernização de uma usina açucareira em Sancti Spíritus (centro).

Esta aproximação ocorre em um momento em que Cuba vive a pior crise econômica em três décadas, com escassez e uma espiral inflacionária, acentuadas pelas debilidades estruturais de sua economia.

Em abril, Lavrov agradeceu a Cuba por sua “compreensão” na guerra contra a Ucrânia. Enquanto a ilha tem mantido uma postura neutra, com apelos para uma saída negociada do conflito, também se negou a condenar a ofensiva.

Após informações da imprensa, em setembro, sobre traficantes que recrutavam cubanos para participar na guerra contra a Ucrânia ao lado do Exército russo, Cuba deteve 17 pessoas pelo crime de “mercenarismo”. Até o momento, a situação do processo judicial dos presos não foi informada.

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