Em oito episódios, “O Mecanismo” é a segunda série idealizada por José Padilha para a Netflix depois do êxito de “Narcos”. O tema agora é brasileiro e em curso: a operação Lava Jato, numa versão mais ficcional que a exibida no filme “Polícia Federal — A Lei é para Todos” (2017). Os protagonistas são menos literais que no longa-metragem.

Há presidentes da República, doleiros do posto de gasolina que desviam dinheiro para campanhas políticas, diretores comprados do “banco federal” e da “PetroBrasill” — e até uma versão do “Japonês da Federal”. As semicópias de figuras reais e o didatismo da narrativa podem irritar. O que torna a série imperdível é o clima de tensão e suspense que atravessa a história, centrada nas obsessões de dois policiais idealistas e contadas em tom confessional, como em “Narcos”. Selton Mello é Marco Ruffo, policial que cria a primeira força-tarefa em 2003 (mas é afastado pelos poderosos). Sua assistente e sucessora é Verena Cardoni (Carol Abras). O tom crítico não salva partidos, empreiteiras ou instituições.“Ninguém combate um câncer impunemente”, diz Ruffo. E nenhum espectador sai ileso de uma série tão eletrizante. Já disponível no Netflix.

 


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