A audiência para os programas de televisão que apresentam mais diversidade aumentou na pandemia, mas os atores e escritores latinos continuam pouco representados, e os intérpretes transgênero estão “virtualmente ausentes”, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira (26) nos Estados Unidos.

O relatório anual sobre diversidade em Hollywood, produzido pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), encontrou uma correlação entre os índices de audiência e os elencos diversos no ano passado, particularmente em lares de minorias.

Os índices de audiência para os lares de pessoas brancas favoreceram programas com elencos considerados “relativamente diversos”, com entre 31% e 40% de minorias, enquanto os mesmos dispararam, nas famílias afro-americanas, para as séries em que mais da metade do elenco representava minorias.

“O fato de que programas com equipes diversas de escritores obtiveram sucesso no ano passado também revela que as audiências estão buscando representações autênticas”, disse Darnell Hunt, coautor e professor de ciências sociais da UCLA.

Além disso, a interação entre redes sociais e programas de televisão está vinculada a uma diversidade maior diante e por trás de câmeras, segundo o estudo.

O relatório indica que presença de minorias aumentou de forma modesta em “quase todas as áreas” da indústria da televisão em Hollywood, o que reflete o crescimento das minorias na população americana, que é de aproximadamente meio ponto percentual por ano. Contudo, a representação dos latinos não aumentou.

Os hispânicos tiveram 3,9% dos papeis protagonistas na televisão fechada, um índice muito inferior aos 18,5% que se identificam como latinos nos Estados Unidos.

Por outro lado, justo quando se debate nos Estados Unidos a representação da comunidade transgênero na televisão, uma discussão que veio à tona após o lançamento do polêmico especial “The Closer”, do comediante Dave Chappelle, na plataforma Netflix, o relatório quase não encontrou a presença de indivíduos desse grupo.

“Os atores trans e não binários estiveram praticamente ausentes de todas as plataformas”, concluiu.

Em protesto contra o especial de Chappelle, que está sendo acusado de transfóbico, os ativistas do coletivo LGBTQIA+ exigiram na semana passada que a Netflix investisse mais em criadores de conteúdo transgênero, e também contratasse mais atores dessa minoria para desempenhar papéis principais.