15/12/2017 - 12:37
Você comeria um pedaço de lasanha Colgate? Muito provavelmente não. Portanto, não é de surpreender que a linha de alimentos congelados da marca de higiene bucal esteja agora no menu do Museu do Fracasso.
A exposição fez sua estreia na Suécia em junho e desde a semana passada está em Los Angeles. Dispõe de mais de 100 itens, que vão desde modelos de escala do Titanic e do DeLorean, o carro de “De volta para o Futuro”, a uma máscara elétrica que supostamente rejuvenesce e foi promovida pela atriz Linda Evans, da famosa série dos anos noventa “Dinastia”.
Além disso, tem uma seção especial dedicada às ideias de Donald Trump, que Samuel West, diretor e curador do museu, chamou de “o santuário do presidente americano”.
Dentro dessa vitrine há o “Trump: The Game”, um jogo de tabuleiro em cuja caixa vermelha com o rosto de um jovem Trump lê-se: “Estou de volt e você está despedido”.
Também há uma garrafa de vodka Trump, um livro de sua suposta universidade – que teve problemas com a justiça – e um boné vermelho com o lema de sua campanha “Make America Great Again”.
“Ele é um homem que construiu sua imagem de homem de negócios de sucesso, é sua marca registrada. Mas se você olha suas iniciativas nos negócios, vê uma série de desventuras, uma falha após a outra”, diz West, para quem o boné é uma premonição do revés que será o governo do magnata republicano, que completa seu primeiro ano em janeiro.
“Cansado de histórias de sucesso”
Também fazem parte da coleção o óculos do Google, bem como um modelo da Nike que exigia que o usuário colocasse ímãs em sua pele; a Coca Cola BlaK – um refrigerante à base de café – e a Crystal Pepsi, transparente.
Além disso, há uma boneca esfarrapada, com olhos melancólicos e a mão estendida como se estivesse pedindo esmola: chama-se “Little Miss No Name”, “senhorita sem nome”.
Está exposto o Edsel, um modelo da década de 1950 da Ford, bem como uma boneca sexual de aluguel – a empresa chinesa que a alugava assegurava que o objeto era lavada após cada uso.
Os visitantes podem escrever seus próprios fracassos em uma parede – ou “confessionário” – onde é possível ler várias vezes: “Votei em Trump”.
Embora a lasanha da Colgate esteja exposta, é uma réplica porque, como West explicou à AFP, a empresa nunca aceitou entregar um pacote.
Em qualquer caso e, embora possa arrancar risadas, também é cercada por mensagens na parede que se resumem numa única ideia: não há nada de errado em falhar.
“Para o progresso tecnológico, muitas falhas são necessárias ao longo do caminho. O mesmo vale para a inovação social: como indivíduos, também fracassamos, e deveríamos aceitar isso”, afirma West, que teve a ideia de seu museu porque “estava cansado das histórias de sucesso”.
Impacto com o fracasso
A coleção, que estará em Los Angeles até janeiro, antes de ir para outras cidades dos Estados Unidos, junta-se a outros curiosos “museus” da cidade: de relacionamentos que acabaram, de coelhos, da morte e até um do veludo.
West não tem patrocinadores – “as empresas não querem ser associadas a um museu sobre o fracasso” – mas todas as semanas ele recebe pacotes de doações para sua coleção.
Uma vez lhe enviaram um saco de batatas fritas sabor café cappuccino.
E um dia após inaugurar em Los Angeles, o museu recebeu uma sofisticada e cara máquina (avaliada em US$ 700) para espremer sucos que acabar de chegar ao mercado, talvez um mau sinal para a empresa que o criou.
Hoje, sua coleção é composta 40% por doações e 60% por objetos adquiridos por ele.
“É uma ideia incomum”, opina Chris Whitehead, que trabalha com informática e visitou o museu naquele dia. Na parede, confessou que fracassou seis vezes na prova para tirar a habilitação de motorista.
“Acredito que a lição é que, mesmo que você fracasse, pode causar um efeito de qualquer maneira”.