Larissa Manoela revela conviver com crises de ansiedade há seis anos

Especialistas explicam o que pode ocasionar o problema

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Larissa Manoela. Foto: Reprodução/Instagram.

Larissa Manoela revelou recentemente que convive com crises de ansiedade há cerca de seis anos. A atriz disse que recorreu à terapia para compreender e manejar melhor esse quadro que, muitas vezes, “acaba nos invadindo e sendo maior do que a gente”.

Segundo ela, o acompanhamento psicológico e a leitura de livros sobre o tema ajudaram a desenvolver estratégias para controlar os sintomas e abriram espaço para que a ansiedade seja discutida na novela de época em que atua, “Êta Mundo Melhor!”, da TV Globo.

A atriz não está sozinha. Outras famosas como Selena Gomez, Tatá Werneck, Luísa Sonza, Rafa Kalimann, Thaila Ayala, Angélica, Wanessa Camargo, Demi Lovato, Adele e Lena Dunham já falaram publicamente sobre o impacto da ansiedade em suas vidas e carreiras.

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Para o psicólogo e neuropsicólogo *Damião Silva “a ansiedade em si é uma resposta adaptativa do organismo, ou seja, não é um problema, porque nos prepara para enfrentar situações de risco, incerteza ou exigência, mobilizando atenção, foco e energia”.

Ele explica que o problema surge quando esse estado se cronifica, generaliza e perde sua função reguladora. “Ela deixa de ser apenas uma emoção e passa a ser um transtorno de ansiedade quando começa a comprometer o funcionamento global da pessoa. Vai interferir nas relações, no trabalho, na escola, no sono, gera evitação sistemática de contextos considerados ameaçadores, muitas vezes sem motivo real.”

O especialista destaca ainda que todos sentem ansiedade, pois ela faz parte da experiência humana e tem função protetora.

“A ansiedade é normal quando está relacionada a um evento real, como uma entrevista de emprego ou uma cirurgia, pois ajuda a pessoa a se mobilizar para a ação. Ela se torna patológica quando desequilibra mais do que protege, quando há desproporcionalidade entre o estímulo e a resposta, ou quando a pessoa vive em função do medo de sentir ansiedade.”

De acordo com Damião Silva, os sintomas podem ser psíquicos, somáticos ou comportamentais. “Entre os sintomas psíquicos estão pensamentos recorrentes de preocupação, medo de perder o controle, perfeccionismo, autocobrança e autodepreciação. Nos físicos, vemos ataque cardíaco, sudorese, tensão muscular, insônia, sensação de aperto no peito, tremores, tontura e enjoos. Já nos comportamentais, há evitação de situações novas ou sociais, isolamento, irritabilidade, explosões emocionais e comportamentos compulsivos ou rituais de alívio.”

A psicóloga **Leticia de Oliveira ressalta que é comum sentir ansiedade diante de situações novas ou desafiadoras.

“Por exemplo, dar uma palestra para cem pessoas ou viajar de férias pode gerar ansiedade. Isso é normal. O que não é comum é esse nível de ansiedade no cotidiano, em situações rotineiras como encontrar amigos ou ir trabalhar. Quando há esse sofrimento intenso sem um fato objetivo que justifique, entendemos que existe um adoecimento.”

Leticia explica que a ansiedade se torna transtorno quando começa a afetar a rotina. “Quando a pessoa deixa de fazer algo por causa da ansiedade, evita lugares ou situações, ou tem mudanças na qualidade de vida devido a ela, é um sinal de alerta.”

Segundo o ***Dr. Iago Fernandes, expert em saúde mental, a ansiedade passa a ser considerada patológica quando as reações ultrapassam a intensidade esperada para a situação e persistem de forma crônica, causando sofrimento e prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. “Reações ansiosas são adaptativas quando servem a um propósito protetivo. A ansiedade ‘normal’ é proporcional ao estímulo, tem duração limitada e não prejudica o bem-estar global.”

Iago aponta que os sintomas de ansiedade abrangem aspectos físicos, cognitivos e comportamentais.

“Entre os físicos estão palpitações, taquicardia, tremores, sudorese, tensão muscular, tontura e desconforto respiratório. Nos cognitivos e emocionais, há pensamentos acelerados, preocupação excessiva, insônia, sensação de apreensão, medo irracional, irritabilidade e dificuldade de concentração. Já nos comportamentais, vemos evitamento de situações, inquietação, aumento ou redução do apetite e agitação psicomotora”, diz.

Sobre o tratamento, o especialista reforça que deve ser multimodal e individualizado.

“A psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental, é considerada de primeira linha, pois ensina técnicas de reestruturação de pensamentos disfuncionais, manejo do estresse e exposição gradual. Mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos, higiene do sono e redução de estimulantes, também são fundamentais. Em alguns casos, medicamentos alopáticos e até fitoterápicos ou cannabis medicinal podem ser indicados, sempre com acompanhamento médico”. explica.

Para Iago, o relato de Larissa Manoela reforça a importância de buscar ajuda especializada. “Sentir ansiedade não te faz fraco. Ignorar os sinais, sim.”

Referências Bibliográficas

*Damião Silva é psicólogo, neuropsicólogo, psicólogo escolar e educacional, pedagogo, escritor e palestrante. Mestre em Avaliação Psicológica.

**Dra. Leticia de Oliveira é psicóloga comportamental (CRP SP: 0695130) com referência em Análise comportamental. É fundadora do Núcleo Letícia Oliveira, ao qual presta atendimentos multidisciplinares, com foco na saúde e cuidado do corpo e mente. Atuou como psicóloga consultiva no programa “É De Casa”, da Rede Globo, e ao longo de sua carreira, já ajudou milhares de mulheres a conquistarem o controle de suas moções e terem uma leve e feliz om seus treinamentos e consultas.

***Dr. Iago Fernandes é graduado pela Universidade de Taubaté/SP, pós-graduado em Saúde Mental e Bem-Estar pela Ebramed e pós-graduado em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela Afya. Tem habilitação internacional em cannabis medicinal pela WeCann Academy, pós-graduação em TDAH e TEA pela CBI of Miami, pós-graduação em Suplementação em Saúde Mental pela FOCUS, pós-graduação em Medicina do Sono e pós-graduação em Medicina da Dor. É membro da sociedade internacional de médicos pesquisadores e prescritores de Cannabis Medicinal – WeCann. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis Sativa – SBEC.