O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, disse que a instituição deverá manter os juros em nível restritivos pelo tempo que for necessário, mas reconheceu que parte significativa dos apertos monetários passados ainda serão sentidos na economia da zona do euro.

Durante jantar no fórum Money Marketeers, da Universidade de Nova York, Lane ressaltou as incertezas consideráveis sobre as perspectivas de inflação, e destacou que os riscos de alta nas pressões incluem principalmente energia e alimentos, citando que a evolução da crise climática também poderá ser fator para os índices de preços. “Ainda temos pela frente uma fase prolongada de incerteza sobre o processo de desinflação.”

O economista reforçou que a economia da região será atenuada, à medida que as altas de juros e o aperto de crédito repercutem, e que os riscos estão para o lado negativo, principalmente no curto prazo. Entretanto, a autoridade destacou que o mercado de trabalho segue resiliente, apesar de dados recentes apontarem para estagnação do crescimento do emprego. “O abrandamento econômico deverá continuar no curto prazo e o nível do PIB será consideravelmente inferior ao que esperávamos anteriormente.”

Entretanto, Lane ainda esclareceu que o aperto da política monetária não ocorreu “à custa do enfraquecimento do sistema bancário”, mas reconheceu que, no caso, a produção industrial deverá ficar fraca, com moderação em exportações e condições de financiamento restritivas.