A decolagem de uma nave russa Soyuz MS-25, com três tripulantes a bordo e com destino à Estação Espacial Internacional (ISS), foi cancelada nesta quinta-feira (21) de última hora, anunciou a agência espacial russa Roscomos.

Este é um novo revés para o setor espacial russo, que enfrenta há vários anos problemas de financiamento, escândalos de corrupção e fracassos, como a perda da sonda lunar Luna-25 em agosto de 2023.

A nave espacial Soyuz MS-25 estava prestes a decolar nesta quinta-feira às 16h21, horário de Moscou (10h21 em Brasília), quando o cancelamento foi anunciado.

A tripulação da nave russa é formada pela astronauta da Nasa Tracy Dyson, o veterano cosmonauta russo Oleg Novitski e por Marina Vasilevskaia, a primeira cosmonauta bielorrussa.

“Houve um cancelamento automático do lançamento”, afirmou o controlador de voo em uma transmissão ao vivo pela agência Roscosmos, segundos antes da decolagem da nave no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

O comentarista da Nasa, que também exibia ao vivo o lançamento, afirmou que “não aconteceu a ativação da sequência de motores normalmente esperada para o momento”, 20 segundos antes da decolagem.

“Foi emitida uma ordem automática para abortar a contagem regressiva, o que encerrou o lançamento”, acrescentou.

Segundo o diretor da Roscosmos, Yuri Borisov, a causa da interrupção foi “uma queda de tensão” em uma bateria.

A nova tentativa de lançamento será em 23 de março às 09h36 (horário de Brasília, 15h36 em Moscou), afirmou.

“Nada de grave aconteceu, embora a situação seja desagradável. A tripulação está em perfeitas condições”, declarou, citado pelas agências de notícias russas.

Segundo outro funcionário da Roscosmos, Sergei Krikalev, “a tripulação está segura”, abandonou a nave e foi transferida de ônibus.

– Série de reveses –

O setor espacial russo, historicamente o orgulho do país, tem sofrido vários reveses embaraçosos nos últimos anos.

Três veículos espaciais russos acoplados ao seu segmento da ISS sofreram vazamentos de refrigerante nos últimos meses. Em agosto, a primeira sonda russa enviada à Lua desde os tempos da URSS caiu em solo lunar.

Estes fracassos não impediram as ambições de Moscou, que quer encerrar a sua participação na ISS depois de 2024 para se concentrar na construção da sua própria estação espacial.

O setor espacial russo também é limitado por sua falta de inovação, já que a maioria dos seus sistemas se baseia em tecnologias soviéticas que são, em geral, confiáveis, mas que estão obsoletas.

Durante muito tempo, as naves Soyuz foram o único meio de se chegar à ISS, mas a Roscosmos enfrentou nos últimos anos a concorrência de empresas privadas como a SpaceX, do bilionário Elon Musk.

A cooperação russo-ocidental no setor espacial também foi prejudicada pela ofensiva russa contra a Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022, e pelas sanções que se seguiram.

A Estação Espacial Internacional é uma das poucas áreas restantes de cooperação entre a Rússia e os Estados Unidos.

A espaçonave Soyuz, cuja decolagem foi abortada nesta quinta-feira, deveria acoplar-se ao módulo Prichal, que por sua vez acoplou-se ao módulo Nauka, este acoplado ao segmento russo da ISS.

bur/hgs/mb/aa/mvv

ISS A/S