Lago no sul da Itália pode ajudar a desvendar origem da vida

ROMA, 5 AGO (ANSA) – Um lago situado na Sicília, região do sul da Itália, passou a ser considerado por cientistas como um “laboratório natural” , já que suas águas permitem a sintetização de moléculas cruciais para a base da vida.   

A descoberta, coordenada por pesquisadores italianos de diversas e universidades e instituições, e publicada no International Journal of Molecular Sciences, revelou que o lago é capaz de simular ambientes semelhantes aos que podem ter existido bilhões de anos atrás, tanto em Marte quanto na Terra, e que podem ter dado origem aos primeiros organismos vivos.   

O local, situado na cidade de Pantelleria e conhecido como “Bagno dell’Acqua” (“Banho-Maria”, em tradução livre) ou “Specchio di Venere” (“Espelho de Vênus”), possui algumas características únicas: pH elevado, atividade hidrotermal e presença de muitos minerais diversos e de micróbios.   

“Usando a água do lago, conseguimos sintetizar RNA, uma das duas moléculas fundamentais para a vida, junto com o DNA, a partir de alguns de seus precursores”, disse Giovanna Costanzo, uma das autoras do estudo.   

Os pesquisadores também obtiveram todas as bases presentes no DNA e no RNA, assim como componentes do ácido nucleico peptídico (ANP), um análogo sintético das duas moléculas citadas.   

“A vida, portanto, pode ter tido uma origem química comum tanto no passado distante de Marte quanto na Terra primitiva”, comentou Raffaele Saladino, outro colaborador na pesquisa.   

O estudo foi financiado pela Agência Espacial Italiana (ASI) como parte de um projeto sobre avanços na microbiologia. Segundo Claudia Pacelli, diretora científica na ASI, “os resultados constituem uma peça fundamental na nossa compreensão da origem da vida na Terra”. (ANSA).