A maneira como a zona do euro saiu da forte recessão do início da década é exemplar para o restante do mundo, mas o processo de integração da região tem de se aprofundar para diminuir os efeitos de eventuais novas crises. A avaliação é da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

“Uma zona do euro mais unificada é uma bússola para a região e um sinal de esperança para o restante do mundo”, afirmou Lagarde em discurso em Berlim. Na fala, ela classificou ainda a recuperação econômica europeia como “sustentada e amplamente compartilhada”, mas sob a ameaça do “populismo e do protecionismo”.

Na avaliação da chefe do FMI, tanto a capacidade quanto os desafios da zona do euro foram testadas na última crise. “A zona do euro desenvolveu novas instituições e capacidades, como o mecanismo europeu de estabilidade. Mas há limitações a serem vencidas. Neste sentido, é necessário construir resiliência, assegurar a estabilidade do setor financeiro para garantir que a política fiscal desempenhe o seu papel”, disse.

Como saída para eventuais futuras crises, Lagarde enumerou três medidas essenciais: união bancária, modernização dos mercados de capitais e criação de fundo orçamentário central.

Sobre a união bancária e de mercados de capitais, a diretora-gerente do FMI afirmou que o desafio se torna ainda maior devido ao Brexit, que poderá “levar à mudança de instituições para a Europa continental nos próximos meses”.

Já em relação ao fundo orçamentário central, Lagarde disse que ele deverá ser uma peça “complementar aos orçamentos governamentais, que sempre serão a primeira e a principal linha de defesa em qualquer recessão”.

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“É um fundo em que os países contribuiriam a cada ano para acumular ativos nos bons tempos da economia. Então, dependendo da profundidade de uma desaceleração, os países receberiam transferências para ajudá-los a compensar déficits orçamentários”, explicou.

Para Lagarde, o objetivo de cada uma dessas reformas não é incentivar a complacência. “A ideia é criar uma maior tranquilidade para a zona do euro. Para funcionar bem, a zona do euro precisa de mais confiança e responsabilidade entre os países”, disse.


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