88Em sua 17ª edição anual, divulgada na Suíça, o “Edelman Trust Barometer”, elaborado com base em 33 mil entrevistas em 28 países, revelou a maior queda global já registrada no índice de confiança das instituições: na opinião dos cidadãos, governos, ONGS, mídia e empresas estão ladeira abaixo em termos de credibilidade.

As notas pioraram frente às do ano passado, acentuando a tendência de queda em todo o mundo. No Brasil, os índices caíram em “apenas” três dos quatro setores citados: empresas (de 64% para 61%); ONGs (62% para 60%) e mídia (54% para 48%). E o governo? Bem, por mais que possa surpreender, a oscilação do governo foi positiva, mas é preciso boa dose de otimismo para o Planalto comemorar o resultado. Isso porque a alta de 3 pontos percentuais frente ao estudo anterior foi insuficiente para tirar o Executivo brasileiro da antepenúltima posição no ranking internacional de confiança entre seus pares, à frente, apenas, da África do Sul e da Polônia.

Mesmo tendo melhorado em relação a 2016, diz o estudo, “o governo brasileiro é a instituição menos crível do País”. Nada menos que 76 em cada 100 entrevistados simplesmente não confiam no poder público. Mais especificamente, 62% acreditam que o sistema como um todo a cargo dos governantes entrou em colapso, enquanto 15% afirmam que está funcionando e cerca de um terço não tem certeza.

Importante destacar que o panorama mundial chafurda na mesma lama: de cada três países analisados, dois foram enquadrados em índices negativos nesse quesito, turbinando a onda populista que varre o Planeta e da qual não estamos a salvo por aqui.

Mas parte do trabalho também apresenta diagnóstico menos negativo. “Apesar do envolvimento de grandes empresários nos escândalos de corrupção, a confiança nas empresas permanece”, diz Yacoff Sarkovas, CEO da Edelman Significa, responsável pela pesquisa. De fato, somos o 7º País que mais confiam nas suas empresas. Sarkovas vê nisso “um momento especial para as empresas, que poderão liderar uma agenda de transformação no Brasil”.

Embora o repúdio coletivo se direcione principalmente à classe política, a imagem do empresariado nacional jamais foi tão negativa. Justificadamente, quase todo o debate nacional está voltado para a moral e a ética no setor público. Mas os empresários cometerão um enorme erro se não conscientizarem o quanto de culpa tiveram na construção da realidade podre em que estamos metidos.

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STJ
Derrota do doente
Pacientes do SUS e dos planos de saúde foram derrotados num julgamento na quinta-feira 16, no Superior Tribunal de Justiça. A Corte decidiu que as prestadoras – e, portanto, o governo federal também – não estão obrigadas a custear medicamentos não aprovados ou registrados pela Anvisa. O processo envolvia fornecimento do Revlimind, indicado para o tratamento do Mieloma Múltiplo. A sessão foi mais um round na judicialização da saúde no Brasil.

JUSTIÇA FEDERAL
Ignorou o manual

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Moradores de rua instalados à noite diante de sua sede administrativa, no Centro do Rio, levou a Justiça Federal a instalar cones e correntes rechaçando os “indesejáveis”. Eles agrupavam-se no local para receber quentinhas doadas por ONGs solidárias. O ato colide com as atribuições da própria Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão: “proteção e defesa contra tratamentos desumanos; luta pela igualdade, assistência social, moradia e alimentação das pessoas”.

TRANSPOSIÇÃO
Sob risco

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Enquanto Michel Temer e Lula disputam a paternidade sobre a transposição do Rio São Francisco (a Coluna sugere um exame de DNA) o orçamento da Codefasv contempla só R$ 18 milhões para revitalização do manancial em 2017. Grande conhecedor do “velho Chico”, o senador Otto Alencar (PSD-BA) diz que a verba é ridícula: “é preciso com urgência plantar matas ciliares ao longo dos 2.800km do rio. Sua calha vem recebendo 28 milhões de toneladas de areia por ano”. Como se deduz, transposição sem revitalização pode dar em … frustração.

INFRAESTRUTURA
Começou legal
O modelo adotado para seleção de projetos do fundo de investimento que usa parte do FGTS para aplicar em infraestrutura, o FI-FGTS, tem tudo para dar certo. O portal com o novo edital de chamada pública teve 4 mil acessos desde dezembro, com 450 pedidos de informações extras feitos por empresas e entidades de classe. O primeiro aporte será de até R$ 7 bilhões para 15 projetos no máximo. A escolha dos vencedores será feita pelo Comitê de Crédito do FI-FGTS.

CONGRESSO
É ele

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Benedito Lira (foto) do PP/AL foi designado para relatar, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o projeto de lei (186/2014) de autoria de Ciro Nogueira, também do PP, que regulamenta os jogos de azar.  Ele não assinou a CPI do Carlos Cachoeira. Há dias, a Justiça Federal do Paraná mandou bloquear R$ 10,4 milhões da conta do senador, delatado por Ricardo Pessoa da UCT por “condutas ímprobas”. Lira defende a legalização dos cassinos e o perdão aos que se envolveram com o jogo do bicho e a exploração de máquinas caça níqueis.

CASA CIVIL
Tucano da vez


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Nas muitas conversas na semana passada, na hipótese de Eliseu Padilha deixar a Casa Civil, em função das investigações da Lava Jato, surgiu o nome de Antonio Anastásia (foto) para a Pasta. Como bom mineiro, o senador não comentou a respeito.

SERVIÇO PÚBLICO
A caminho
O governo planeja fazer, ainda em 2017, um grande Plano de Demissão Voluntária no serviço público federal. Algumas instituições federais como o Banco do Brasil já promoveram algo do gênero há pouco, com sucesso. O PDV num momento de contenção de despesas ajuda enxugar a máquina pública, onde as demissões são vedadas pela estabilidade do quadro de funcionários. A reforma da Previdência Social deve estimular muitas adesões.

FERROVIA
Nos trilhos

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A Companhia Siderúrgica Nacional e governo federal intensificaram as conversas sobre a retomada das obras da Transnordestina. Desde Dilma Rousseff, o projeto não recebe recursos federais previstos, daí não avançar. O clima de festa no Planalto, por conta da transposição do Rio São Francisco, motivou a decisão política do Governo, de priorizar a construção.

UNIÃO
Perto do fim
Um acordo extrajudicial entre bancos e poupadores sobre os tão falados “planos econômicos” deve ser fechado até junho. A disputa de duas décadas está no STF. O impacto inicial estimado em uns R$ 150 bilhões será menor, de acordo com a Advocacia Geral da União. A Febraban, o Idec, a Federação Brasileira dos Poupadores, a CEF, o BB e o Banco Central afinam os ponteiros. A ministra Grace Mendonça (AGU) teve aval do STF e da equipe econômica para acelerar o trato. O governo prevê que o dinheiro a ser repassado aos poupadores aquecerá a economia, tal como no caso das contas inativas do FGTS.


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