O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, demonstrou hoje um sentimento misto em relação à ascensão de Donald Trump, ao dizer que o presidente eleito dos EUA poderá ajudar a impulsionar o crescimento de seu país, mas também prejudicará a economia do Japão se cancelar a chamada Parceria Transpacífico.

“Grandes benefícios que seriam obtidos poderão se perder” se Trump seguir adiante com a promessa de campanha de reverter o acordo – que prevê livre comércio entre 12 países banhados pelo Oceano Pacífico, incluindo EUA e Japão -, disse Kuroda, durante coletiva em Nagoya.

Segundo Kuroda, porém, os mercados financeiros receberam bem a inesperada vitória do republicano, com fortes ganhos do dólar e das bolsas em Nova York. Kuroda também se disse otimista em relação aos planos de Trump de reduzir a burocracia para o setor bancário e elevar os gastos públicos em infraestrutura.

“Basicamente, acho que essas medidas vão ajudar a economia dos EUA a se expandir”, disse Kuroda.

O chefe do BoJ também apelou a executivos de companhias no Japão que elevem os salários dos funcionários de forma a combater a ameaça da deflação.

“Os lucros das empresas estão em níveis quase recordes e as condições do mercado de trabalho melhoraram, como é evidenciado pelo fato de a taxa de desemprego ter caído para cerca de 3%”, disse Kuroda. “Nessas circunstâncias, o ambiente para aumentos salariais está certamente bem estabelecido.”

Kuroda sugeriu ainda que o BC japonês não deverá adotar novos estímulos monetários no curto prazo.

“É a avaliação do banco que…o ímpeto no sentido de atingir a meta de estabilidade dos preços em 2% parece estar se mantendo”, comentou ele, referindo-se à meta de inflação do BoJ. Fonte: Dow Jones Newswires.