O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, demonstrou preocupação hoje com as políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump, ao dizer que medidas protecionistas podem prejudicar a lenta recuperação da economia global.

“De modo geral, medidas macroeconômicas, como cortes de impostos e investimentos em infraestrutura, devem ajudar a impulsionar o crescimento econômico”, disse Kuroda, em coletiva de imprensa que se seguiu à decisão do BoJ de manter sua política monetária inalterada. “Por outro lado, há preocupações de que medidas protecionistas levem o comércio internacional a encolher e o crescimento econômico mundial a desacelerar,” acrescentou.

Segundo Kuroda, o BoJ vai acompanhar de perto as políticas de Trump e seus possíveis efeitos. Para ele, as políticas do presidente americano ainda não estão claras, mas podem ter grande impacto na economia e nos mercados financeiros mundiais. Kuroda, porém, não acredita que o protecionismo irá se espalhar pelo mundo.

Na entrevista coletiva, Kuroda também questionou a defesa de Trump por um dólar mais fraco.

“Falo com base em minha experiência de supervisão da política cambial no Ministério de Finanças, mas todos os países, incluindo os EUA, tendem a pensar, ou proclamar, que será melhor se suas moedas se enfraquecerem ou se fortalecerem quando sentem que a taxa de câmbio não está funcionando bem para suas economias”, disse Kuroda. “Mas não está certo dizer ‘quanto mais forte a moeda, melhor’ ou ‘quanto mais fraca a moeda, melhor'”, completou.

O chefe do BC japonês também rechaçou sugestões de que a atual política do BoJ, de manter as taxas de juros em níveis extremamente baixos, deverá levar o iene a se fortalecer ante o dólar.

“Não é verdade que a taxa de câmbio é determinada apenas pelos diferenciais de taxas de juros entre os EUA e Japão”, afirmou Kuroda.

Kuroda comentou ainda que os atuais estímulos do BoJ são essenciais e apropriados para a busca de sua meta de inflação, de 2%, e que as condições presentes favorecem empresas japonesas a elevarem salários e bônus. Fonte: Dow Jones Newswires.