Os presidentes peruano, Pedro Pablo Kuczynski, e boliviano, Evo Morales, participam, nesta sexta-feira, de um encontro bilateral de gabinetes ministeriais em Lima. O trem bioceânico, conectando os dois países e o Brasil, é o principal foco da agenda dos governantes de correntes ideológicas opostas.

Kuczynski, um liberal pró-mercado, e Morales, socialista, fazem a segunda reunião desde novembro passado, quando se encontraram pela primeira vez em Sucre, em evento ministerial.

Os temas de integração, como o uso de recursos hídricos, monopolizaram a agenda do encontro desses países vizinhos, que compartilham as águas do Titicaca, o lago mais alto do mundo, a mais de 3.800 metros de altura. A descontaminação do lago, afetado pela mineração ilegal, preocupa os dois governos.

Segundo a chancelaria peruana, temas como o tráfico de seres humanos e de armas, o contrabando e o narcotráfico serão avaliados para tomar medidas conjuntas e combatê-los.

Um dos assuntos centrais que os mandatários vão voltar a tratar é a interconexão rodoviária e energética, que tem implicações comerciais. A cereja do bolo é o corredor ferroviário bioceânico central que, passando pela Bolívia, uniria a costa atlântica do Brasil com a costa do Pacífico ao sul do Peru, na fronteira com o Chile.

O projeto de trem bioceânico já foi abordado em Sucre e planeja impulsionar a construção de uma ferrovia entre Tacna, no Peru, e La Paz. Ele já foi analisado por autoridades da Bolívia, da Alemanha e do Peru, mas ainda não foram feitos anúncios.

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A proposta boliviana surgiu como uma alternativa a uma iniciativa da China, que consiste em um trem bioceânico entre Brasil e Peru através da Amazônia.

Os custos do projeto da Bolívia são de pelo menos 15 bilhões de dólares, muito abaixo dos 60 bilhões calculados para concretizar o plano chinês, que uniria os portos do norte do Brasil com seus pares do norte peruano.

O projeto boliviano prevê conectar os portos de Santos e Ilo, ao sul do Peru, cruzando o território boliviano. Parte do projeto já é realidade, pois existe uma linha de trem entre Santa Cruz, na Bolívia, e o Mato Grosso.

A Bolívia espera se conectar aos mercados asiáticos por meio deste projeto, afirmou o vice-presidente peruano.

China, Brasil e Peru assinaram, em maio de 2015, para avaliar um projeto de trem bioceânico de 8 mil quilômetros. O traçado inicial feito pela China, que se ofereceu para financiar o projeto, não passa pela Bolívia.


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