O Kremlin afirmou, nesta sexta-feira (26), que a França não lhe informou sobre a detenção de um russo suspeito de tentar “desestabilizar” os Jogos Olímpicos de Paris.

“Não temos nenhuma informação. Soubemos pelos meios de comunicação”, declarou à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

O porta-voz disse que a embaixada russa em Paris deveria ter sido informada da prisão, mas assegura que não foi.

O homem, nascido em 1984, foi preso em sua casa em Paris nesta semana e é suspeito de “passar informações de inteligência para uma potência estrangeira para estimular hostilidades na França”, disseram os promotores franceses na terça-feira.

O jornal Le Monde disse que a polícia encontrou documentos “de interesse diplomático” em seu apartamento, e que ele é suspeito de trabalhar com o serviço de segurança russo, o FSB.

Não foram informados detalhes sobre o suposto projeto do suspeito, identificado pelo Le Monde e outros meios de comunicação como Kirill Gryaznov, um chef natural da cidade russa de Perm, nos Urais.

O homem estudou gastronomia na prestigiada escola Cordon Bleu e trabalhou em Courchevel, uma estação de esqui nos Alpes franceses, informou a mídia local e o site em russo do veículo investigativo The Insider.

“Pensamos firmemente que ia organizar operações de desestabilização, de interferência, de espionagem. Agora está nas mãos da justiça, que poderá confirmar as suspeitas da polícia”, declarou na quarta-feira o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, ao canal BFM.

Segundo o The Insider, a revista alemã Der Spiegel e o Le Monde, Gryaznov foi detido após ter sido impedido de embarcar em um voo de Istambul para Paris por estar bêbado.

Ele então comprou uma passagem para a Bulgária e, enquanto estava em um restaurante, teria dito que estava em uma missão secreta relacionada aos Jogos Olímpicos e que os franceses teriam uma cerimônia de abertura “como nunca tiveram antes”.

Quase todos os atletas russos foram excluídos da competição nos Jogos de Paris como medida diplomática de retaliação pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e apenas 15 deles competirão sob uma bandeira neutra.

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