MOSCOU, 10 DEZ (ANSA) – A Rússia afirmou nesta quarta-feira (10) que as últimas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a Ucrânia e a Europa, estão alinhadas com a visão de Moscou.
Em entrevista ao Politico, Trump disse que os russos estão em uma posição “mais forte” do que os ucranianos, que deverão “ceder territórios” para encerrar o conflito de quase quatro anos. Ele também chamou os europeus de “fracos” e pediu a seu homólogo em Kiev, Volodymyr Zelensky, que “convocasse eleições”, insinuando que “não há mais democracia” no país do leste europeu. O republicano acrescentou ainda que a Ucrânia “não deve se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)”.
“Em muitos aspectos, no que diz respeito à adesão à Otan e à perda de territórios pela Ucrânia, isso está em sintonia com o nosso entendimento”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas, classificando os comentários de Trump como “muito importantes”.
Desde a invasão da Ucrânia por forças russas, em fevereiro de 2022, Kiev impôs uma lei marcial, impossibilitando a realização de eleições no país, de acordo com sua legislação.
Ao mesmo tempo, o governo de Vladimir Putin tem pedido a renúncia de Zelensky, chamando-o de “líder ilegítimo”.
Moscou, que sempre se opôs a entrada de Kiev à Otan, coloca isso como uma das condições para um eventual cessar-fogo.
Já os Estados Unidos intensificaram, nos últimos dias, as negociações entre os dois países, propondo, inclusive, um plano de paz. Mas a delegação ucraniana pediu modificações na proposta, alegando que ela beneficiaria a Rússia.
Na entrevista ao Politico, Trump afirmou que chegar a um acordo no leste europeu é “difícil” e que “um dos motivos é o nível de ódio entre Putin e Zelensky ser enorme”. (ANSA).