A Kraft Heinz anunciou nesta segunda-feira, 22, a troca de comando mundial da companhia. O executivo brasileiro Bernardo Hees deixará o posto e o português Miguel Patrício assumirá a nova função no dia 1º de julho. A transição dos cargos começará a ser feita no dia 1º de maio.

Patrício deve promover um “turnaround” (virada) na companhia, que teve resultados financeiros frustrantes nos últimos meses. Sem detalhar a estratégia, o executivo diz que toda a indústria de alimentos passa por transformação e o caso da Kraft Heinz não é diferente.

A gigante encerrou 2018 com receita global de US$ 26,2 bilhões, praticamente estável em relação a 2017. No entanto, o grupo registrou prejuízo líquido de U$ 10,3 bilhões em 2018, revertendo o lucro de U$ 8 bi no ano anterior. A empresa teve de anunciar uma baixa contábil de US$ 15 bilhões no ano passado, o que afetou seus resultados.

Com experiência em marcas – o executivo teve passagem pela Johnson & Johnson, Coca Cola e Ambev -, Patrício entrou no grupo comandado pelos brasileiro Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles há 20 anos.

A empresa deverá rever portfólio e apostar nas marcas que são mais valiosas. “Temos de fortalecer marcas como Heinz, Philadelphia, Planters e Kero (brasileira)”, disse Patrício.

O executivo afirmou que serão quatro os principais focos: gente, cultura, imprimir estratégia e entender o que por trás da Kraft Heinz.

Patrício não nega que a companhia está em um momento financeiro delicado, mas disse que nos próximos dois meses vai se debruçar para entender os negócios.

O crescimento por meio de aquisições – marca dos empresários do fundo 3G – terá menos força neste primeiro momento, mas continuará no radar da companhia, se o negócio for relevante.

Homem de confiança do trio da 3G, Bernardo Hees foi para o comando da Kraft Heinz em julho de 2013. Até então era presidente da rede Burger King, que também pertence à 3G. Fontes afirmam que Hees voltará para a 3G.

Hees foi para os Estados Unidos logo após a saída da 3G do capital da ALL, que era considerada uma ferrovia deficitária. A ferrovia é controlada pela Rumo, do grupo Cosan.