O ministro do Interior do Kosovo denunciou, nesta segunda-feira (25), que pelo menos seis suspeitos de participação no conflito deste fim de semana com as forças de segurança fugiram para a Sérvia e estão sob cuidados médicos em um hospital.

Um grupo de homens armados usou um mosteiro como trincheira no domingo, após uma emboscada contra uma patrulha policial – na qual um oficial foi morto perto da fronteira com a Sérvia.

“Seis terroristas feridos estão sendo tratados no hospital de Novi Pazar (sul do país) e pedimos à Sérvia que os entregue imediatamente às autoridades do Kosovo, para que sejam julgados”, informou o ministro do Interior do Kosovo, Xhelal Svecla, aos jornalistas.

Localizado nos arredores da cidade de Banjska, a área ao redor do mosteiro permanece isolada.

O governo do Kosovo declarou luto nacional e responsabilizou a Sérvia pelo incidente, uma acusação que Belgrado nega.

A Sérvia se recusa a reconhecer a independência desta antiga província, cuja população de 1,8 milhão de habitantes, de maioria albanesa, inclui uma comunidade de origem sérvia.

“Muitas coisas serão resolvidas com a investigação”, indicou o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti.

O ministro do Interior do Kosovo informou que as autoridades apreenderam uma “quantidade excepcionalmente grande de armas pesadas”, explosivos, uniformes, suprimentos alimentícios e equipamentos.

No entanto, ainda existem dúvidas sobre o conflito depois que as autoridades prenderam alguns suspeitos durante a operação.

No domingo (24), Kurt relatou que havia pelo menos 30 homens armados e uniformizados entrincheirados no mosteiro.

Na Sérvia, a imprensa noticiou os incidentes com ceticismo e muitos veículos citaram a declaração do presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que no domingo à noite desmentiu qualquer envolvimento nos combates e responsabilizou o governo do Kosovo.

A Rússia expressou nesta segunda sua preocupação pela situação e demonstrou apoio à Sérvia.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu ao Kosovo e à Sérvia que evitassem qualquer ação que alimentasse a tensão.

“Os autores deste crime devem ser responsabilizados por meio de um processo de investigação transparente”, afirmou Blinken em um comunicado. “Pedimos aos governos do Kosovo e da Sérvia para que se abstenham de qualquer ação ou discurso que possa agravar ainda mais as tensões”, acrescentou.

A morte do policial e o confronto aumentaram as tensões no Kosovo, depois de meses de atrito entre o governo de Pristina e as autoridades sérvias.

O conflito ocorreu mais de uma semana depois que um novo ciclo de diálogos, sob mediação da União Europeia (UE), terminou sem progressos.

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