Kiev vai manter pressão sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI) para que atletas russos e bielorrussos não possam participar dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, disse o ministro ucraniano dos Esportes à AFP nesta terça-feira.
“Devemos continuar pressionando” e “provavelmente o COI entenderá que, enquanto houver guerra na Ucrânia, o retorno dos atletas russos e bielorrussos não é oportuno”, afirmou o ministro Vadym Gutzaït em entrevista à AFP.
Russos e bielorrussos foram excluídos da maioria das competições internacionais após a ofensiva lançada por Moscou em fevereiro de 2022.
Neste ano, ainda com a guerra em curso, o COI foi abrindo caminho para o retorno desses atletas individualmente, sob bandeira neutra e com a exigência de não ter apoiado ativamente a invasão e de não ter contrato com o exército russo.
Por outro lado, o COI ainda não tomou uma decisão sobre sua participação nos Jogos de Paris no ano que vem.
Os passos do comitê olímpico para a reintegração indignaram as autoridades ucranianas. Outros países europeus se posicionaram contra o projeto do COI e Kiev conta com esse apoio para que o veto continue em vigor e inclua o evento olímpico.
“Esperamos que as grandes e fortes federações se solidarizem com os ucranianos (…) e não permitam que participem de competições internacionais”, especialmente dos Jogos Olímpicos, disse Gutzaït, que preside o Comitê Olímpico Ucraniano desde o ano passado.
“Temos de defender a nossa causa”, sublinhou. “Ainda não perdemos”, disse, considerando que a reintegração de russos e bielorrussos pode ser evitada. O ministro mostrou-se surpreso com o abrandamento da posição do COI em relação aos russos e bielorrussos, após mais de um ano de invasão: “Nada mudou, só piorou! Mulheres, crianças!”
No momento, os atletas ucranianos estão “se preparando” e “treinando”, mas se russos e bielorrussos acabarem sendo reintegrados, a Ucrânia pode boicotar os Jogos de Paris, alertou.
“Se isso acontecer, teremos de juntar as nossas federações e os nossos atletas” para decidir que posição adotar”, frisou o ministro, reconhecendo que nem todas as federações esportivas do seu país foram favoráveis à ideia do boicote.
“É difícil, os Jogos Olímpicos são o momento mais importante da vida de cada atleta (…) Mas o mais importante para nós hoje é a nossa vitória na guerra”, avaliou.
“Mesmo que não participemos, é apenas uma competição”, relativizou o ex-campeão olímpico de esgrima em Barcelona-1992.
Segundo seu ministério, pelo menos 273 atletas ucranianos foram mortos em combates e ataques desde o início da invasão russa e ao menos 343 instalações esportivas foram destruídas ou danificadas em seu país.
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