CAIRO, 10 JAN (ANSA) – O marechal Khalifa Haftar, que move uma ofensiva militar para reunificar a Líbia sob seu poder, recusou nesta quinta-feira (9) uma proposta da Rússia e da Turquia para um cessar-fogo com as forças do primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.   

“Agradecemos à Rússia pelo seu apoio, mas não podemos parar com o combate ao terrorismo”, declarou Ahmed al-Mismari, porta-voz do Exército Nacional Líbio, conjunto de milícias comandado por Haftar.   

Moscou dá apoio tácito ao marechal e teria inclusive enviado mercenários para ajudá-lo, enquanto a Turquia está do lado de Sarraj, que chefia o único governo na Líbia reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).   

A ofensiva de Haftar começou em abril de 2019 e tem como objetivo conquistar a capital Trípoli.   

Entenda a crise – A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.   

De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU, pela Itália e pela Turquia; do outro, o Parlamento de Tobruk, no leste do país e fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes.   

O marechal, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.   

Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.   

Haftar se inspira no presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade. (ANSA)