O amigo do Queiroz detesta perguntas inconvenientes: micheques, rachadinhas, funcionários fantasmas, compra e venda de imóveis em dinheiro, depósitos fracionados em conta corrente, e por aí vai. O mito parte logo para a ofensa ou dá no pé, feito criança fugindo de agulha. Por falar em agulha, onde estão as nossas vacinas, hein? Ah, e as nossas seringas?

O devoto da cloroquina já ameaçou encher a boca de um repórter de porrada. Já disse que usou dinheiro recebido indevidamente para “comer gente”. Já respondeu que não é coveiro, que é Messias, mas não faz milagre, e já mandou a imprensa para a PQP, além de sugerir aos repórteres que enfiem milhares de latas de leite condensado no fiofó.

Sempre que uma pergunta, que exige uma resposta direta e franca lhe é feita, o maníaco do tratamento precoce não responde, simplesmente porque não pode responder. “Presidente, o senhor contratava a filha do Queiroz, que morava e trabalhava no Rio de Janeiro, como sua funcionária de gabinete em Brasília”? Vai responder o que, o bonitão?

“Presidente, o Centrão é um bando de ladrões ou de patriotas”? “Presidente, porque a sua esposa recebeu 90 mil reais em cheques de milicianos”? “Presidente, o que o senhor pensa sobre Dias Toffoli e Gilmar Mendes”? “Presidente, onde estão as provas de fraude na eleição de 2018, que o senhor prometeu divulgar”? Às vezes, perguntar ofende, sim.

Nesta tarde de quarta-feira (24), em mais um passeio feliz, como se tudo estivesse normal e ninguém estivesse morrendo de Covid-19, desta vez no Acre, o bilontra do Planalto, ao ouvir uma pergunta sobre a decisão do STJ em relação ao bolsokid das rachadinhas, abandonou o local e deu a entrevista coletiva por encerrada. Ui, ui, ui. A bola é minha e vou embora.

Por isso o fujão gosta tanto de certos programas de rádio e de entrevistadores passa-pano, onde as perguntas são sempre carinhosas e facilmente respondíveis: “presidente, como foi seu dia”? “Presidente, o senhor assistiu ao jogo”? “Presidente, posso buscar meu cheque”? Apenas tome cuidado para, nesse caso, ele não entender “micheque”, senão o mimadinho sairá sem pagar.