O boxe brasileiro viu seu primeiro representante masculino a garantir vaga nos Jogos Olímpicos de maneira inusitada. Por causa de uma lesão, o adversário de Keno Marley Machado foi impedido de disputar a semifinal e ele carimbou o passaporte para Paris-2024 com classificação à decisão da categoria 92kg no Pan de Santiago. O boxeador agora tenta o ouro inédito após perder a decisão em Lima-2019.

Keno se junta a Beatriz Ferreira e Jucielen Romeu que já haviam garantido a classificação às olimpíadas ao garantirem vaga nas semifinais – Bia passou para a final nesta quinta -, e a Tatiana Chagas, que passou por 4 a 1 à decisão. O pugilista baiano se garantiu em Paris-2024 com a ida à final e sem precisar lutar. Seu adversário desta quinta-feira, o canadense Bryan Colwell, foi reprovado na avaliação médica que os boxeadores fazem antes de subir ao rinque.

Por causa de um corte profundo no supercílio, Colwell não foi liberado pelos médicos para lutar com o brasileiro e a primeira semifinal dos 92kg terminou com W.O. Como não há disputa de terceiro lugar na modalidade, o canadense ganhou a medalha de bronze e Keno decidirá o ouro nesta sexta-feira.

“Essa luta foi uma situação atípica, ganhei sem lutar, porém lutei muito para chegar aqui nesse classificatório, treinei bastante, então estou feliz também. Se não fosse dessa forma seria no ringue”, disse Keno, sem esconder que sua missão em Santiago ainda não está completa.

“Ainda estou um pouco aéreo, parece que a classificação ainda não chegou, mas estou começando a me situar aos poucos. Amanhã tem final pan-americana e é um título que quero muito, estou treinando desde Lima, onde fui prata, e quero muito o ouro. Vou ver a luta do meu adversário e aproveitar para torcer pelos outros 11 atletas que temos na semifinal”, afirmou o brasileiro.

A primeira luta do dia foi de Tatiana Chagas, na categoria até 54kg, e a brasileira se garantiu na decisão e em Paris-2024. Após três bons rounds diante da chilena Denisse Bravo, vitória na decisão dos árbitros por 4 a 1.

“Paris, estou chegando. Para ficar mais feliz ainda, quero ganhar uma medalha olímpica. Muito feliz de ganhar a luta. Meu técnico mandou melhorar a guarda, fui guerreira e fui para cima. Primeira vez que luto contra atleta da casa, com torcida imensa, e fui bem. Estive tranquila, encaixei e fui até o fim da luta”, celebrou Tatiana, que não segurou às lágrimas. “Não foi fácil estar aqui, mas eu consegui.”

Beatriz Ferreira, bicampeã mundial na categoria até 60kg, confirmou seu favoritismo na semifinal diante da americana Jajaira Gonzalez, com decisão de 4 a 1 da arbitragem. Bia foi arrasadora nos dois primeiros rounds, encaixando seus golpes com força, e apenas administrou no fim. Saiu mostrando o muque e celebrando a vaga na final.

“Vamos focar nesse ouro, neste bicampeonato pan-americano. Na Bahia, todo mundo tem vontade de vencer na vida, se tornar um exemplo, e lá em todo lugar tem gente treinando no boxe, que é um esporte barato. Por isso nos destacamos”, disse Bia Ferreira, à CazéTV, elogiando seu estado, que garantiu os três primeiros finalistas em Santiago.