Kast descarta batidas anti-imigrantes no Chile em debate presidencial com Jara

O candidato chileno de extrema direita José Antonio Kast descartou que vá ordenar batidas anti-imigrantes como as realizadas nos Estados Unidos, ao defender nesta quarta-feira (3) seu plano contra os sem documentos em um debate com sua rival no segundo turno, a esquerdista Jeannette Jara.

No penúltimo confronto antes do segundo turno de 14 de dezembro, os candidatos se enfrentaram em um debate de rádio sobre suas propostas para a imigração irregular, um dos temas centrais da campanha ao lado da insegurança.

Kast lidera as pesquisas, com intenção de voto entre 55% e 60%, segundo levantamentos anteriores ao período de vedação, após perder a eleição de 14 de novembro.

“Dissemos aos imigrantes que eles têm 98 dias para deixar o país livremente. E se não o fizerem, uma vez que sejam identificados (…) serão expulsos”, declarou Kast.

O candidato mantém uma contagem regressiva para a data em que eventualmente assumiria o governo, em 11 de março.

A maioria dos chilenos associa o aumento da criminalidade a centenas de milhares de imigrantes sem documentos, em sua maioria venezuelanos, que chegaram ao Chile nos últimos cinco anos.

Kast afirmou que recorrerá a “todos os recursos disponíveis, físicos, tecnológicos, humanos e econômicos” para expulsar os imigrantes.

O candidato de extrema direita prometeu deportações massivas de famílias, mas nesta quarta-feira descartou que a estratégia inclua batidas ao estilo das realizadas pelo governo de Donald Trump.

“Não estamos falando das batidas do ICE [sigla em inglês para o Serviço de Migração e Controle Alfandegário dos Estados Unidos]”, afirmou.

Jara, militante do Partido Comunista e representante de uma ampla coalizão de centro-esquerda, criticou seu rival por usar a imigração com fins eleitorais e, com isso, gerar “tensões com outros países”.

“Nesse tema é preciso ser responsável”, rebateu a Kast.

Jara afirmou que não regularizará nenhum imigrante sem status legal e que sua proposta prevê controlar as entradas irregulares no país e fazer um censo da população indocumentada para identificar aqueles que tenham antecedentes criminais.

“Não sabemos quem são. Não sabemos se têm vínculos trabalhistas aqui, se têm antecedentes criminais, se têm relações familiares”, acrescentou a candidata.

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