06/11/2024 - 0:46
Os Estados Unidos estão com a respiração suspensa, nesta terça-feira (5), à espera da definição de quem será seu próximo presidente – a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump – após o fechamento das primeiras seções de votação.
É possível que os resultados das eleições presidenciais, umas das mais disputadas da história contemporânea do país, não sejam conhecidos esta noite.
Os holofotes estão virados para a Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Arizona e Nevada – os chamados estados-pêndulo que vão decidir quem será o próximo inquilino da Casa Branca: a vice-presidente Kamala Harris, de 60 anos, ou o ex-presidente Donald Trump, de 78.
Os outros estados costumam apoiar tradicionalmente os republicanos ou os democratas.
Por enquanto, não houve surpresas. Trump venceu nos redutos republicanos da Flórida e Texas, enquanto Kamala conquistou Nova York e a capital, Washington DC.
Para ser presidente nos Estados Unidos, não basta ter mais votos que o oponente. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, composto por 538 delegados que, teoricamente, devem respeitar a vontade popular.
Até o momento, Trump possui 201 votos no colégio eleitoral e Kamala, 91.
Os americanos vivem com ansiedade essa noite, que mantém o restante do mundo em suspense devido às suas repercussões na guerra na Ucrânia e nos conflitos no Oriente Médio, bem como no aquecimento global, que Trump considera uma falácia.
Trump disse que aceitará os resultados “se forem eleições justas”, horas antes de mencionar “rumores” de “fraudes maciças” na Filadélfia, no estado-pêndulo da Pensilvânia. As autoridades desmentiram as acusações.
Teme-se que o ex-presidente se recuse a reconhecer sua derrota caso perca, como ocorreu em 2020, e que provoque um surto de violência semelhante ao ataque de seus apoiadores ao Capitólio, em uma tentativa de evitar a certificação da vitória de Biden.
Na capital, Washington, barreiras metálicas cercam a Casa Branca e o Capitólio, e diversos estabelecimentos comerciais protegeram suas vitrines com tábuas de madeira.
Também está em jogo o controle do Congresso, com a renovação dos 435 assentos da Câmara dos Representantes e de 34 dos 100 no Senado, além de várias disputas para governador.
Os republicanos conquistaram uma cadeira no Senado que era ocupada por um ex-democrata, no estado da Virgínia Ocidental. Embora esperada, essa vitória coloca os conservadores mais próximos de alterar o equilíbrio de poder na câmara, essencial para a aprovação de reformas.
Alguns estados também realizam referendos sobre o polêmico tema do direito ao aborto. Na Flórida, uma consulta para suspender as restrições à interrupção da gravidez fracassou nas urnas.
Os apoiadores de Kamala e de Trump estão com os nervos à flor da pele.
“Esta eleição é muito tensa e pode ser o dia mais importante na história de nosso país, porque pode ser o dia em que nosso país vai acabar, ou o dia em que nosso país vai começar a prosperar por mais 100 anos”, opinou Will Staten, de 18 anos, presente no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na Flórida, onde espera-se que Trump discurse.
Na Universidade Howard de Washington, tradicionalmente frequentada por estudantes negros, milhares de pessoas se reuniram para escutar Kamala, que falará mais tarde.
Camille Franklin diz que tenta “conter a ansiedade”, mas espera passar “uma boa madrugada”.
Qualquer que seja o vencedor, o resultado será histórico. Trump conquistaria um segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893, e Kamala, negra e de ascendência sul-asiática, se tornaria a primeira mulher no cargo mais importante da nação.
Ela teve apenas três meses para tentar convencer o eleitorado. Entrou na campanha depois de o presidente Joe Biden desistir de disputar a reeleição em julho, e apoiá-la como sua sucessora.
Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, ela propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.
Comício após comício, o republicano, que sofreu duas tentativas de assassinato durante a campanha, repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.
O discurso é o mesmo de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, “envenenam o sangue” do país.
Trump já chamou os migrantes de “terroristas”, “estupradores”, “selvagens” e “animais” que saíram de “prisões e manicômios”.
Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela retórica violenta.
Trump insultou a candidata democrata, 60 anos, a quem chamou de “lunática radical da esquerda”, “incompetente”, “idiota” e pessoa com um “coeficiente intelectual baixo”, entre outras ofensas. Ela respondeu chamando o adversário de “fascista”.
Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma “ilha flutuante de lixo” ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em resposta, disse que “lixo” eram os eleitores do republicano.
Em um ambiente de alta tensão política, foram registrados vários alertas de bomba nos centros de votação, que o FBI (polícia federal americana) atribui à Rússia.
Um homem cheirando a combustível e portando um sinalizador foi detido no Capitólio.
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