Em seu estilo que mescla sorrisos, simpatia, boa educação e discursos curtos mas extremamente objetivos, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, fez na semana passada a sua primeira viagem internacional com a incumbência do cargo – ou seja, viajou e falou em nome dos EUA. Um dos primeiros destinos desse movimento que se iniciou foi a Guatemala. Ao lado do presidente do país, Alejandro Giammattei, ela foi dura: “Guatemaltecos, não venham. Os Estados Unidos seguirão a aplicar nossas leis e a proteger nossas fronteiras. Quem vier ilegalmente, será enviado de volta”. Kamala, em entrevista, disse ter mantido uma conversa “robusta, franca e completa com Giammattei”. Tema: combate sistemático à corrupção e a necessidade de impedir a emigração de pessoas sem documentos da América Central aos Estados Unidos. A Guatemala está socialmente esgarçada. No ano passado, dois furacões abalaram-na.

“Os EUA irão continuar aplicando nossas leis e protegendo as fronteiras. Se você vier ilegalmente, será enviado de volta”
Kamala Harris, vice-presidente norte-americana

Mais: a prática da corrupção, à qual a vice-presidente referiu-se, é endêmica; a pobreza, imensurável; e a implacável Covid ataca a população. O recado de Kamala foi claro, e serve não apenas aos guatemaltecos mas, também, para outras nacionalidades da América do Sul — brasileiros incluídos. Declarou Kamala Harrris: “A esperança não existe por si só, deve ser acompanhada de relações de confiança tangíveis, justamente para que possamos ter motivos de possuir a própria esperança”. No Brasil, é questão de sobrevivência da liberdade, da democracia e do Estado de Direto que a população reflita sobre essas palavras e as guarde até as eleições de 2022 — e não recoloque no comando da Nação quem hoje manda nela e pretende usurpar de forma patrimonialista o poder.

SOCIEDADE

Divulgação

CAMPANHA Logo ele, sempre empertigado. Logo ele, sempre composto, mesmo em mangas de camisa. Logo ele, pouco afeito ao contato com o povo. Logo ele, o presidente da França, Emmanuel Macron. Ao aproximar-se de uma barreira de metal para cumprimentar moradores de Tain-l’Hermitage, no sudeste do país, Macron levou, ou quase levou, um tapa no rosto — os vídeos não são nítidos. Ele está viajando pela França com olhos na reelieção em 2022.

RIO DE JANEIRO
É hora de parar de beber copos de sangue

Ricardo Moraes
ROTINA Moradores do Complexo do Lins protestam pelo assassinato de Kathlen: lá vem mais uma investigação inconclusa (Crédito:Divulgação)

O Rio de Janeiro continua o mesmo: polícia atira em traficante, muitas vezes para abrir espaço de ação às mílicias, e traficante atira na polícia. Inocentes morrem de “balas perdidas” e iniciam-se as investigações inconclusas. As vítimas agora são a designer Kathlen de Oliveira Romeu, 24 anos, que estava grávida de quatro meses — o feto também morreu. Isso foi no Complexo do Lins. Vizinho dali, é o Morro de São João onde foi baleado um jovem de 17 anos. Houve protestos, mas a turma da cobertura do edifício social, como sempre, aceitou os fatos como destino. O sociólogo alemão Theodor Adorno levantou a importante questão: depois de a humanidade vivenciar o genocídio nazista, pode ela voltar a ser a humanidade de antes? Ele mostrava a importância da não acomodação. No Rio de Janeiro, assistem-se a essas cenas naturalmente como se toma um copo d’água. Não podemos seguir assim, até porque são copos de sangue — como o sangue que ainda colore chão e paredes de casas na Favela do Jacarezinho.

PRÊMIO
O incentivo do CLP às boas gestões

Políticas públicas, programas e projetos — sejam estaduais ou do Distrito Federal — que impactem positivamente a vida da população, e desde que isso seja comprovado pela mensuração de indicadores, serão premiados pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Até o dia 18 de junho, essas iniciativas poderão ser inscritas no Prêmio Excelência em Competitividade, na categoria “Destaque Boas Práticas”. Os vencedores receberão o troféu em setembro, no evento
de lançamento do Ranking de Competitividade dos Estados (2021). Ganharão também descontos em cursos oferecidos pelo CLP para gestores públicos. Esse ano é a quinta ediçao do prêmio.