Chegou ao fim, em Belo Horizonte (MG), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou supostos “abusos de poder”, cometidos pelo ex-prefeito Alexandre Kalil, durante sua turbulenta gestão à frente do município, reprovada pelos eleitores nas últimas eleições (perdeu, em primeiro turno, a disputa pelo governo do estado para Romeu Zema).

A administração Kalil foi investigada por IPTUs de diversos imóveis inadimplentes, dos quais o ex-prefeito e/ou familiares são proprietários, não terem sido cobrados, ou mesmo “não encontrados” pelos fiscais responsáveis pela cobrança. Fico imaginando se isso ocorre com as pessoas comuns, ou se elas são prontamente encontradas e cobradas.

Igualmente, a CPI apurou – o que ficou patente durante as oitivas e pelos documentos colhidos – os abusos e excessos cometidos pela administração Kalil contra o Atlético Mineiro, por conta da construção de seu estádio (Arena MRV), e sugeriu à Prefeitura a revisão destes atos, francamente prejudiciais ao Clube, hoje dirigido por desafetos de Kalil

Outro destaque apontado pela Comissão foi a relação entre um prestador de serviços, a Prefeitura e o Galo (à época em que Alexandre era seu presidente), onde a proprietária de uma agência de viagens pagava despesas pessoais de Kalil – a CPI e todos os contribuintes belo-horizontinos, principalmente os atleticanos, querem saber por quê?

O relatório final da CPI, de autoria da vereadora Fernanda Altoé (NOVO), detalhou, pormenorizadamente, os casos e a forma como a prefeitura de Belo Horizonte atuou, inúmeras vezes, para beneficiar o ex-chefe do executivo da capital. Contudo, conforme explicou a parlamentar, todas as testemunhas ouvidas (inclusive agentes públicos!!) disseram ou não conhecer ou jamais terem tido contato pessoal com Kalil, muito menos tê-lo privilegiado a seu próprio mando.

Um prestador de serviços, por exemplo, admitiu que pagou com o próprio cartão de crédito despesas pessoais (em hotel de luxo) do prefeito, e dele recebeu, posteriormente, através de portadores, dinheiro vivo em pagamento, mas não se lembra de ter estado com ele, vejam só.

O relatório da Comissão, então, sugeriu à Receita Federal que se apure, neste caso, supostos crimes tributários e “lavagem de dinheiro”. Bem como, sugeriu à Justiça Eleitoral investigar supostos crimes eleitorais e à Justiça do Trabalho, fraude em execuções.

Alexandre Kalil figura em diversas ações tributárias e trabalhistas, e apesar de morar em imóvel de luxo, transitar em carros e motos importados, frequentar restaurantes e hotéis caríssimos, costuma não ter bens e valores encontrados pela Justiça. Ao que parece, a mesma habilidade teve curso na Prefeitura de Belo Horizonte

Ao final, ficamos assim: uma prefeitura supostamente beneficia o prefeito; servidores municipais supostamente beneficiam o prefeito; um Clube de futebol é claramente prejudicado por uma prefeitura, mas nada disso tem a ver com… o prefeito! Ou, nas palavras da vereadora Altoé: “BH tinha um prefeito cabeça de bacalhau; ninguém via e ninguém conhecia”.