BRUXELAS, 20 DEZ (ANSA) – A ex-vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili teria confessado que sabia do esquema de corrupção e subornos vindos do Catar durante um dos depoimentos com a Procuradoria da Bélgica, informa o jornal “Le Soir” nesta terça-feira (20).   

Segundo a publicação, a eurodeputada grega admitiu que pediu para seu pai esconder dinheiro em espécie e de ter conhecimento que seu companheiro, o assessor parlamentar do grupo Socialistas & Democratas (S&D), Francesco Giorgi, tinha uma “parceria” com o também italiano, o ex-deputado Antonio Panzeri.   

Todos os três estão presos desde o dia 9 de dezembro, quando a polícia belga desencadeou a operação para desmantelar um esquema de pagamento de bens e dinheiro para que políticos do Parlamento Europeu votassem a favor de medidas que beneficiassem “um país do Golfo” – que, segundo a mídia, seria o Catar.   

Ainda conforme o “Le Soir”, Panzeri também teria admitido participar do esquema, acusando o atual eurodeputado belga Marc Tarabella como um dos que receberam os “presentes”. O político negou publicamente que soubesse de esquema, mas sua casa foi alvo de uma operação naquele mesmo dia.   

Com Panzeri e Kaili foram encontrados cerca de 1,5 milhão de euros em notas de 20 e 50 euros, sendo que cerca de 600 mil euros estavam na mala com o pai de Kaili em um hotel de Bruxelas. O homem não foi indiciado no processo.   

O jornal belga aponta ainda que, no dia da operação e após a prisão de Giorgi, a então VP do Parlamento tentou entrar em contato com outros dois europarlamentares – que não tiveram os nomes divulgados. Apesar de ter imunidade parlamentar, Kaili foi detida porque houve crime em flagrante – diferente do caso de Tarabella – ao serem localizadas bolsas com dinheiro vivo.   

Esposa de Panzeri – Também detida no âmbito da operação, mas na Itália, a esposa de Panzeri, Maria Dolores Colleoni, 67 anos, poderá ser extraditada para a Bélgica para responder ao processo, decidiu o Tribunal de Apelação de Brescia na noite desta segunda-feira (19).   

Colleoni foi presa ao lado da filha, Silva Panzeri, no dia 9 de dezembro, mas foi para o regime domiciliar no dia seguinte. A mulher responde aos crimes de associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.   

No entanto, a justiça determinou que “em caso de condenação definitiva”, a pena deve ser cumprida na Itália.   

A esposa de Panzeri nega todas as acusações e disse não saber a origem do dinheiro apontado. Além disso, negou que a família tenha passado férias no valor de 100 mil euros que teriam sido bancados pelo Catar. (ANSA).