Juventus caminha para virar SAF e reforçar italianidade

SÃO PAULO, 23 JUN (ANSA) – Por Renan Tanandone – O Clube Atlético Juventus, tradicional equipe de origem italiana do bairro da Mooca, em São Paulo, está próximo de entrar em uma nova era após ter dado um importante passo para a constituição da Sociedade Anônima do Futebol, conhecida pelo acrônimo SAF.   

O Conselho Deliberativo do time aprovou a alteração por 70 votos a 18, mas a decisão terá de ser ratificada pelos sócios em uma assembleia geral marcada para 28 de junho. A proposta vencedora foi a apresentada pela REAG Capital Holding, ligada aos empresários Claudio Fiorito e Federico Pastorello, ambos da P&P Sport Management, que gerencia carreira de jogadores e tem grande atuação na Itália.   

O plano de negócios prevê um investimento de R$ 480 milhões até 2035, além de transformar o Estádio Conde Rodolfo Crespi em uma moderna arena multiuso com capacidade para 15 mil pessoas.   

Além disso, a SAF visa ao retorno do Juventus à elite do Campeonato Paulista e a possibilidade de jogar a Série A do Campeonato Brasileiro no início da próxima década.   

Embora o modelo de SAF tenha sido aderido por dezenas de equipes no Brasil, como Botafogo, Vasco e Cruzeiro, a transição no Juventus, que disputa a segunda divisão do futebol paulista, é vista com preocupação por alguns e como uma salvação por outros, principalmente na esperança de ver maiores investimentos no clube.   

Hamilton Kuniochi, torcedor e sócio do Juventus, disse em entrevista à ANSA que a equipe da Rua Javari é “diferente” dos outros clubes, sobretudo dos grandes da capital paulista.   

“A SAF é tida pela direção como uma oportunidade para reorganização, injeção de recursos e melhora de sua saúde financeira. Já a torcida é bem dividida em relação a isto. Sei que existem alguns que veem isso como uma grande oportunidade para o Juventus crescer, mas outros estão vendo a situação com desconfiança e incerteza em relação ao futuro”, analisou o pesquisador, que lidera um projeto dedicado à história e à memória do “Moleque Travesso” chamado Manto Juventino.   

Por outro lado, Kuniochi acredita que a chegada da SAF poderia reforçar a “italianidade” do Juventus.   

“O projeto da família Pastorello se compromete a fortalecer estes laços comunitários. Assim, ao que parece, em relação à ‘italianidade’, há a promessa de que seja fortalecida, e o fato de o Juventus possuir na origem uma ancestralidade italiana certamente gerou o interesse dos investidores”, declarou.   

Natural da Mooca e torcedor do Moleque Travesso, o consultor de vendas Felipe Delgado disse à ANSA que grande parte dos adeptos acompanha o processo com bons olhos e afirmou que uma possível modernização do estádio do Juventus poderia movimentar ainda mais o bairro da Mooca, recheado de pizzarias e restaurantes italianos.   

“O Juventus não está bem das pernas, e a chegada da SAF será para salvar o clube. A diretoria tem há muitos anos uma visão atrasada do que o futebol exige hoje de modernidade e tecnologia. Espero que venha para somar e ajudar bastante, principalmente de imediato, para o clube respirar”, afirmou.   

Citando o Mirassol, time que vem surpreendendo no Brasileirão e que está em processo de se tornar uma SAF, Delgado acrescentou que o Juventus tem capacidade para virar uma grande força do futebol do país, principalmente se os possíveis futuros investimentos forem bem utilizados.   

A família Pastorello, que chefia a P&P Sport Management, tem uma antiga relação com o futebol italiano. Giambattista Pastorello, pai de Federico, foi gestor de equipes como Padova, Modena, Parma e Hellas Verona. Durante seu período no gialloblù, o time ganhou vários títulos e contratou lendas como Gianluigi Buffon, Fabio Cannavaro, Hernán Crespo e Cláudio Taffarel.   

(ANSA).