A Justiça do Rio de Janeiro tornou ré a ginecologista Helena Malzac por supostas falas racistas contra uma paciente negra, de 19 anos, durante uma consulta para colocar um DIU, no ano de 2022.

O que aconteceu:

  • O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso aos áudios gravados por Luana Génot, madrinha da jovem que a levou para a consulta;
  • Durante o atendimento, a ginecologista teria dito que o cheiro das partes íntimas da jovem é “muito forte. Quando você sua, o cheiro piora. É a mesma coisa da axila. É o mesmo cheiro, é um cheiro forte, mas é por causa da cor e do pelo. Você vai ser a vida inteira assim, então, tem que se preocupar com isso”;
  • Luana questionou a médica que esse odor só ocorria em pessoas negras, e a profissional respondeu: “É muito comum. Não é 90%, mas a gente coloca uns 70%”. A ginecologista ainda teria afirmado que isso supostamente estaria relacionado com a melanina (pigmento que dá cor à pele, aos pelo e olhos);
  • Assim que saíram da consulta, Luana e a afilhada registraram um boletim de ocorrência. Depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou a médica por racismo.

Primeira audiência

  • Durante a primeira audiência com um juiz, a ginecologista confirmou a fala. “Eu disse o seguinte, que as pessoas de cor, eles têm um cheiro mais forte. Pela minha experiência de 44 anos como ginecologista atendendo mulheres, a negra tem um cheiro mais forte. E aí ela perguntou: ‘Mas por que esse cheiro?’ Eu falei, de repente pode ser por causa da melanina, mas a gente vê que a maior parte das pessoas negras tem um odor muito forte, tanto que essas firmas de desodorante, o desodorante para negro é diferente”, acrescentou;
  • A profissional ainda ressaltou que pesquisou sobre o assunto: “Eu falei que a melanina também seria responsável por isso, eu aprendi isso na faculdade. E eu agora com o processo, fiz a pesquisa e achei que realmente isso ocorre”;
  • A defesa de Helena Malzac afirmou que não houve discriminação no decorrer do atendimento e ressaltou que ela é neta de uma norte-americano negro. “O objetivo do comentário da ré foi visando exclusivamente tratar o mau cheiro com forte odor na região das virilhas. Sugeriu depilar os pelos pubianos, o que nada tem a ver com descriminação”, concluiu.