O depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre o plano de golpe de estado que Jair Bolsonaro tentou dar é devastador por diversas razões. Em primeiro lugar, porque as mensagens trocadas com o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) são as provas inequívocas que faltavam – se que é faltava alguma coisa – para condenar o ex-presidente por tentativa de atentado contra o Estado Democrático de Direito. A notícia também é devastadora porque demonstra o tamanho da burrice bolsonarista – perdão pelo pleonasmo.
Imaginar que aqueles três patetas (Bolsonaro, Silveira e Do Val) poderiam dar um golpe de estado é uma ideia imbecil demais até para os padrões cognitivos do ex-presidente. É mais uma evidência, entre tantas outras, do tipo de gente que governou o País durante os últimos quatro anos. Os planos de Cebolinha contra a Mônica eram mais bem fundamentados.
Isso não significa que a ameaça não tivesse sido real. Os aliados de Bolsonaro vivem tão fora da realidade que não seria impossível imaginar um general, alguém do nível de um Eduardo Pazuello, por exemplo, dando ordens para ocupar o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal. Isso não significa que a iniciativa seria cumprida, mas certamente provocaria uma confusão dos diabos. Com tantos mentecaptos armados nos acampamentos em frente aos QGs – além de alguns soldadinhos loucos para brincar de guerra civil – as mortes seriam inevitáveis.
É por tudo isso e, provavelmente, por outras coisas que descobriremos ao longo dos próximos anos, que a eleição de Lula foi muito mais importante para a história do País do que imaginávamos. Pensar que o Brasil correu o risco de manter essa gente no poder por mais quatro anos chega a dar arrepios. O número de votos que Rogério Marinho recebeu para a eleição à presidência do Senado, no entanto, mostra que a punição para essa turma até agora tem sido muito branda. Cadeia para os golpistas, civis e fardados, será a única maneira de estancar esse movimento autoritário e extirpar da vida pública o câncer que ainda ameaça a democracia brasileira.
O primeiro passo, depois de trancafiar Daniel Silveira na cela e os outros “cinco estrelas” citados no plano, é exigir a extradição imediata do covarde que se esconde a Flórida.