Justiça recebe mais de 100 denúncias por escândalo de Milei

BUENOS AIRES, 17 FEV (ANSA) – Até a manhã desta segunda-feira (17), a Justiça da Argentina já havia recebido pelo menos 112 denúncias criminais por causa do escândalo sobre a criptomoeda promovida pelo presidente Javier Milei.   

Fontes judiciais informaram que 111 ações foram apresentadas de forma digital, e uma, em uma delegacia. Todas serão unificadas e entregues para investigação do procurador Guillermo Marijuan, em um caso com desdobramentos políticos ainda imprevisíveis para o ultraliberal.   

Na sexta-feira passada (14), Milei publicou uma mensagem no X promovendo a criptomoeda recém-criada Libra, cuja cotação disparou até atingir um pico de quase US$ 5 mil, antes de entrar em queda livre, gerando perdas para milhares de investidores que haviam apostado no ativo por influência do presidente.   

O prejuízo é estimado na casa das dezenas de milhões de dólares, enquanto o governo argentino tenta minimizar o escândalo, apesar da promessa de investigar o caso “a fundo”.   

Uma das denúncias levanta, inclusive, a necessidade de realizar buscas nas sedes do poder Executivo, como a Casa de Governo e a residência presidencial em Olivos, nos arredores de Buenos Aires.   

O ex-deputado Claudio Lozano, o advogado do Observatório do Direito à Cidade, Jonatan Baldiviezo, o advogado Marcos Zelaya e a fundadora do movimento “A Cidade é Quem a Habita”, María Eva Koutsovitis, consideram que o presidente fez parte de uma “associação ilegal” e o acusam de “um megagolpe”.   

“O presidente Milei foi um partícipe necessário e fundamental de uma associação que tinha como eixo a execução de um golpe histórico por meio de criptomoedas. Uma organização criada para cometer milhares de fraudes de forma premeditada e simultânea”, diz o grupo.   

Deputados da Coalizão Cívica devem pedir ao Congresso a criação de uma comissão investigativa para apurar se o presidente se envolveu em conduta passível de punição. Já o bloco peronista União pela Pátria planeja pedir um julgamento político na Câmara, enquanto o deputado Esteban Paulón, do Partido Socialista, anunciou que apresentará um pedido de impeachment.   

Em meio ao escândalo, Milei alegou que “não estava ciente dos pormenores do projeto” da criptomoeda e que apagou a publicação no X após ter se “inteirado” dos detalhes. Além disso, garantiu que não tinha “nenhum vínculo” com a Libra. (ANSA).