A corte de apelação de Paris determinou nesta quinta-feira (15) a liberdade condicional do islamólogo suíço Tariq Ramadan, preso desde que foi acusado de estupro em 2 de fevereiro, anunciou seu advogado à AFP.

A libertação do islamólogo suíço de 56 anos depende do pagamento de uma fiança de 300.000 euros, informou seu advogado, Emmanuel Marsigny.

Tariq Ramadan, que deverá entregar seu passaporte suíço, estará proibido de deixar o território francês, entrar em contato com as denunciantes e com algumas testemunhas. Deverá se apresentar a uma delegacia uma vez por semana.

A sala de instrução divulgou esta decisão, à qual cabe apelação, depois de ouvir Tariq Ramadan defender ele mesmo energicamente sua causa durante uma rara audiência pública na tarde de quinta-feira, constatou um jornalista da AFP. As audiências a portas fechadas são quase sistemáticas em Paris quando se trata de indivíduos sob custódia.

“Para onde fugiria? Tudo aponta para minha inocência […] Vou permanecer na França e defender minha honra e minha inocência”, declarou Tariq Ramadan do banco dos réus, sob o olhar de sua filha e uma dezena de seus seguidores, vestidos com uma camiseta com os dizeres “Free Tariq Ramadan” (Libertem Tariq Ramadan).

Os juízes rechaçaram na semana passada este pedido de libertação, a quarta depois de quase dez meses de prisão.

Os magistrados temiam especialmente que as denunciantes, Henda Ayari e uma mulher chamada “Christelle”, recebessem pressões dos meios de comunicação.

Ambas denunciaram em 2017 que haviam sido vítimas de relações sexuais extremamente violentas com Ramadan, a primeira em 2012 e a segunda, em 2009.

O novo pedido foi apresentado após uma audiência, no final de outubro, em que Ramadan admitiu ter mantido relações sexuais consentidas com suas acusadoras. Após um ano de desmentidos, a revelação de mensagens de texto trocadas entre o intelectual muçulmano e as duas mulheres, o obrigaram a mudar a versão.

“A libertação de Tariq Ramadan é lógica em vista dos últimos acontecimentos do caso que demonstram que as acusações de estupro se desmontam”, comemorou Marsigny.

“Por ter sido pública, todo mundo pôde ouvir na audiência que o tribunal não iria se pronunciar sobre sua culpa ou inocência, mas sobre a questão de saber se ainda se cumpriam as condições para que fosse mantido na prisão”, declarou Éric Morain, advogado de “Christelle”.

“É evidente que as confissões de Ramadan depois de nove meses de mentiras influíram nesta decisão”, avaliou.