Justiça nega ação de Bolsonaro contra fala de Boulos que o associou a Marielle Franco

Renan Olaz/Câmara do Rio de Janeiro
A vereadora Marielle Franco foi assassinada no centro do Rio de Janeiro, em 2018 Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio de Janeiro

A Justiça do Distrito Federal negou a Jair Bolsonaro (PL) recurso contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL) por falas associando o ex-presidente ao assassinato de Marielle Franco. A decisão é desta quarta-feira, 30, mas a ação já havia sido julgada improcedente em fevereiro deste ano.

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O recurso de Bolsonaro questionava pronunciamentos feitos por Boulos em 2023. Em um deles, o deputado federal questionou “uma possível articulação do Bolsonaro e da família Bolsonaro com aqueles que mataram Marielle Franco”.

No acórdão, a juíza Maria Isabel da Silva escreve que as falas de Boulos “tratam de temas de interesse público” e foram feitas num contexto de “fiscalização e crítica política”. Diz ainda que Bolsonaro, por ser ex-presidente e “figura assídua nas redes sociais”, está exposto a “críticas mais acintosas do que ocorre com as demais pessoas”.

Relembre o caso

Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros no Rio de Janeiro na noite de 14 de março de 2018. Investigações apontaram o então vereador e hoje deputado federal cassado Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa como mandantes. Eles são réus no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em outubro de 2024, dois executores confessos do crime, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados pela Justiça fluminense. Ronnie Lessa, autor dos disparos, foi condenado a 78 anos, 9 meses e 30 dias. Élcio, que dirigia o carro, a 59 anos, 8 meses e 10 dias.

Um porteiro do Condomínio Vivenda da Barra disse à polícia que, horas antes do crime, o suspeito Élcio de Queiroz entrou no complexo residencial, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora carioca e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa, e afirmou que iria visitar o então deputado Jair Bolsonaro. O presidente também tem uma casa no condomínio. Conforme depoimento do funcionário da portaria, o próprio “seu Jair” autorizou a entrada do carro, pelo interfone. No entanto, segundo os registros de presença da Câmara dos Deputados, Bolsonaro não estava no local, mas sim em Brasília.