SYDNEY, 16 FEV (ANSA) – Um tribunal de Melbourne, na Austrália, rejeitou a solicitação da defesa do cardeal George Pell para acessar os dados médicos das vítimas de abusos sexuais cometidas por religiosos australianos, informou a Justiça nesta quinta-feira (15).   

Pell, 76 anos, foi indiciado formalmente por “múltiplos” casos históricos de pedofilia, além de acobertar sacerdotes que cometeram os crimes sexuais na década de 1970. A natureza exata das acusações não foi revelada e os detalhes das acusações não foram tornados públicos.   

O que se sabe, durante os anos de investigação, é que o “número 3” do Vaticano é acusado de atuar diretamente para evitar que os religiosos fossem levados à Justiça e não por cometer o abuso sexual em si. Ele sempre negou as acusações.   

Por conta dessas acusações, o papa Francisco autorizou um período de afastamento do religioso do cargo de prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano.   

Segundo a defesa, o acesso aos formulários médicos dos acusadores poderia fornecer provas importantes e ter um “substancial valor probatório” para os autos do processo. No entanto, a juíz Belinda Wallington rejeitou a proposta ao destacar que a divulgação de informações médicas e psiquiátricas pode ser lesiva para os abusados.   

No dia 5 de março, Pell comparecerá perante à Justiça em uma audiência preliminar que determinará se há evidências suficientes para dar encaminhamento ao processo judicial. Estão previstos os depoimentos de 50 testemunhas, que determinarão a quantidade de provas sobre o caso. De acordo com a legislação australiana, essa etapa iniciada em 5 de março deverá durar duas semanas, com sessões que serão fechadas à imprensa e ao público em geral. No entanto, nessa primeira fase, não será solicitado se Pell se considera culpado ou inocente, apenas averiguará qual será o destino do processo.   

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal “The Australian”, a defesa do religioso tentará desacreditar o depoimento de um dos acusadores, que já faleceu, e que teria sido influenciado por serviços televisivos para fazer declarações públicas sobre os abusos. Essas entrevistas, para a defesa, causaram um “efeito dominó” contra os padres australianos.   

A denúncia foi apresentada formalmente em 2015, cerca de 40 anos após os crimes, para a Comissão Nacional de Investigação sobre a resposta das instituições sociais, religiosas e públicas sobre as denúncias de pedofilia. (ANSA)