A Procuradoria Geral do México acusou nesta quarta-feira (29) Emilio Lozoya, ex-diretor da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), de receber mais de US$ 10 milhões em propinas da Odebrecht em troca de contratos.

“Você sabia que os recursos eram da Odebrecht e recebeu US$ 10,5 milhões como propina, se associou à sua mãe, esposa e outra pessoa com o objetivo de cometer um crime”, disse um promotor no julgamento que começou na terça-feira, segundo relatos da imprensa em um serviço de mensagens instantâneas.

Com as supostas propinas, Lozoya adquiriu, por meio de familiares, imóveis para “ocultar” a origem dos recursos e transferiu outros para contas bancárias na Europa, de acordo com a acusação.

A Odebrecht teria sido beneficiada com US$ 39 milhões em obras no México.

O depoimento foi realizado por videoconferência, devido ao ex-funcionário de 45 anos ter sido hospitalizado com anemia após ser extraditado da Espanha em 17 de julho, depois de ser detido em fevereiro.

Funcionários da Odebrecht “pediram (a Lozoya) seu apoio para beneficiar a empreiteira com contratos de obras públicas e prometeram US$ 6 milhões para várias obras, como a refinaria de Tula” (Hidalgo, centro), continuou a promotoria.

Por transferências do exterior para o território nacional, “sabendo que era ilegal”, a procuradoria também o acusou de “operações (com recursos) de origem ilícita” e “associação criminosa”.

Lozoya, de acordo com o Ministério Público, “tentou ocultar várias movimentações e contas bancárias, principalmente quando era coordenador” da campanha que levou Enrique Peña Nieto à Presidência em 2012.

Advogado e economista com pós-graduação em Harvard, o ex-diretor foi um colaborador próximo a Peña Nieto na referida campanha, na qual atuava como gerente de assuntos internacionais. Agora ele é visto como uma peça-chave para determinar se o ex-presidente se beneficiou dos subornos.

“Fiquei intimidado, pressionado, influenciado e instrumentalizado”, disse Lozoya no final da primeira parte da audiência, depois de se declarar inocente e querer “colaborar”.

Na terça-feira, o mesmo juiz do caso decidiu processá-lo pela compra, entre 2013 e 2015, de uma fábrica de fertilizantes pela qual a Pemex pagou cerca de 485 milhões de dólares, preço considerado excessivo, já que a fábrica não era usada há 14 anos.

Sua irmã, Gilda Lozoya (fugitiva) e o empresário Alonso Ancira, que administrou a venda da fábrica e enfrenta um processo de extradição na Espanha, também são acusados nesta denúncia.