O juiz Christopher Alexander Roisin, da 14ª vara cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que o Santos deposite 30% de todos os vencimentos a serem pagos a Willian Bigode em uma conta judicial como garantia para o desenrolar do processo no qual o atacante é acusado de causar prejuízos financeiros ao ex-colega de Palmeiras, o lateral-direito Mayke. Ele nega as acusações. Quem também move processo contra o jogador é Gustavo Scarpa, do Atlético-MG.

A retenção desse porcentual dos vencimentos mensais já havia sido determinada pelo magistrado em 2023 e teve efeito apenas em dezembro, quando o jogador ainda estava vinculado ao Fluminense e tinha seu salário pago em parte pelo Athletico-PR, clube que defendia. Os valores ficam retidos pela Justiça até que haja uma decisão para apontar culpados pelo golpe. Portanto, Mayke não tem acesso a essa quantia no momento. Agora, com a notificação ao Santos, os valores voltarão a ser recolhidos.

“Inexistem novidades na medida que a decisão mantém o posicionamento do Juízo adotado cautelarmente desde setembro do ano pretérito. Não tenho dúvidas que a questão será reapreciada de forma mais esmiuçada quando houver apresentação da defesa, oportunidade que restará comprovada a ausência de qualquer responsabilidade do Willian em prejuízos provocados em negócios firmados por terceiros”, afirma Bruno Santana, advogado de Willian Bigode. O Santos foi procurado pela reportagem do Estadão, mas até o momento não se manifestou sobre o tema.

ENTENDA O CASO

O processo movido por Scarpa e Mayke aponta que partiu de Willian e de sua sócia Camila Moreira de Biasi a sugestão de investimentos na XLand, que ofereceria uma rentabilidade de 2% a 5% sobre o valor investido. Scarpa aplicou R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, investiram R$ 4.583.789,31.

Os problemas com a XLand começaram em meados de 2022, quando os jogadores do Palmeiras tentaram resgatar a rentabilidade, mas não tiveram sucesso após seguidas negativas e adiamentos da XLand. Mais tarde, eles tentaram romper o contrato, mas também não receberam o valor devido.

Após seguidos contatos com os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, com Willian e Camila e um coach de gestão financeira, Marçal Siqueira, que tinha parceira com a empresa acriana, Scarpa e Mayke procuraram seus advogados e registraram um boletim de ocorrência. Desde então, o processo corre na Justiça paulista, ainda sem decisões proferidas sobre culpabilidade dos réus.