A Justiça francesa decretou como ilegal um referendo que seria realizado em Allex, localidade do sul da França, sobre a abertura, por parte do Estado, de um centro de acolhida de migrantes no município, pelo que a consulta foi anulada.

“É diante da intransigência do Estado e por obrigação que anulo o referendo”, declarou durante uma coletiva de imprensa o prefeito da localidade, Gérard Crozier, que afirmou estar “muito chateado”.

O tribunal administrativo de Grenoble, contactado pelos representantes do Estado, destacou na sexta-feira que a acolhida de urgência não era competência do município, mas do Estado, e invalidou o referendo, que seria realizado no domingo.

As autoridades francesas abriram em 13 de setembro em Allex, um município de 2.500 habitantes, um centro de acolhida destinado a alojar 50 migrantes procedentes de Calais (norte).

O governo se comprometeu a reduzir o acampamento de migrantes de Calais, um imenso bairro de casas precárias na costa onde vivem, em condições indignas, milhares de migrantes, e repartir seus ocupantes por todo o território nacional.

Os primeiros 11 migrantes chegaram na semana passada a Allex, oriundos de Afeganistão, Iraque e Sudão. Foram abrigados em um antigo castelo nos arredores do povoado.

O presidente da região Auvernia-Ródano-Alpes (onde está situado Allex), Laurent Wauquiez, também presidente interino do partido de direita Os Republicanos, pediu aos prefeitos para rejeitarem a acolhida de migrantes de Calais, denunciando que os bairros de casas precárias poderiam se multiplicar no território.

O prefeito de Allex, cujos habitantes têm posturas conflitantes sobre a questão, anunciou sua intenção de “retomar a consulta com a população por outros meios”.