O Judiciário espanhol pediu à Interpol, nesta terça-feira (18), que realize “imediatamente” a extradição para os Estados Unidos do ex-chefe da inteligência militar venezuelana Hugo “Pollo” Carvajal, uma vez que esgotou os recursos para evitá-la.

A Audiência Nacional, jurisdição de Madri responsável pelas extradições, “ordenou à Interpol que entregue imediatamente Hugo Armando Carvajal Barrios às autoridades dos Estados Unidos”, disse o tribunal em um comunicado à imprensa.

Isso ocorre depois que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) rejeitou, na última quinta-feira, um último recurso de Carvajal, conhecido em seu país como “Pollo”, para evitar sua extradição para os Estados Unidos, onde a Justiça o acusa de vários crimes, incluindo tráfico de drogas.

Com esta decisão, parecia finalmente chegar ao fim a longa batalha judicial que Carvajal travou na Espanha para evitar ser entregue à Justiça americana, desde que foi detido na capital espanhola em abril de 2019.

A Audiência Nacional indicou em seu comunicado que solicitou a comunicação de sua decisão “à Embaixada dos Estados Unidos na Espanha e ao diretor do centro penitenciário onde o réu está preso”, para ativar a extradição.

No ano passado, a Audiência Nacional já havia determinado que a extradição de Carvajal para os Estados Unidos “era definitiva” e que restava apenas aguardar a decisão do TEDH.

Carvajal argumentou perante o TEDH que a Justiça dos Estados Unidos poderia condená-lo à prisão perpétua sem possibilidade de apelação, algo que poderia ser considerado “tratamento desumano” pela Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Mas o TEDH considerou que Carvajal será julgado por um sistema de garantia, portanto pode se livrar de uma sentença severa caso se declare culpado ou chegar a um acordo com a Justiça dos EUA para reduzir sua sentença. Se, em última instância, for condenado à prisão perpétua, terá sempre a possibilidade de recorrer, então seu recurso foi rejeitado.

– Cirurgia estética, perucas e bigodes postiços –

Desde sua prisão em Madri, em abril de 2019, Carvajal tentou inúmeros recursos e, inclusive, ficou foragido por mais de vinte meses desde que a Audiência Nacional inicialmente aprovou sua extradição em novembro daquele ano.

Em sua fuga, o general aposentado de 63 anos passou por cirurgias estéticas, usava bigodes e perucas postiças e mudava de endereço a cada três meses, segundo a polícia, que o prendeu novamente na capital espanhola em setembro de 2021.

Por muitos anos figura de peso no regime chavista até dar a volta por cima e ingressar na oposição ao presidente Nicolás Maduro em 2019, Carvajal é acusado pelos Estados Unidos de ter pertencido a um cartel junto com outras autoridades venezuelanas que traficavam drogas com a antiga guerrilha colombiana das Farc.

Um tribunal de Nova York o acusou, em 2011, de ter coordenado o envio de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela para o México em 2006, que posteriormente chegaram aos Estados Unidos, atos que podem levar à prisão perpétua.

Carvajal, que fugiu da Venezuela por mar depois de passar para a oposição de Nicolás Maduro, o herdeiro político de Chávez, em fevereiro de 2019, manteve-se ativo nas redes sociais até meses atrás, onde sempre negou essas acusações.

Em sua opinião, sua perseguição tem uma motivação política, já que outras pessoas antes dele foram levadas aos Estados Unidos “para apontar para membros do governo venezuelano em troca de benefícios processuais”, disse ele em carta pública em setembro de 2021.

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