Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Justiça do Rio de Janeiro converteu em preventiva a prisão do cônsul alemão na cidade, Uwe Herbert Hahn, suspeito de matar o companheiro Walter Biot no apartamento do casal em Ipanema, na zona sul da capital fluminense, informou o Poder Judiciário nesta segunda-feira.

O cônsul foi preso em flagrante no sábado após a morte do marido belga, e no domingo foi levado para um presídio estadual. A prisão preventiva não tem prazo pré-definido de duração.

“A gravidade em concreto do delito justifica a prisão cautelar para resguardar a ordem pública. Destaca-se que, de acordo com o laudo de exame de necropsia, a vítima apresentava diversas lesões recentes e antigas espalhadas pelo corpo, o que sugere que tenha sido submetida a intenso sofrimento físico tanto na data do óbito quanto em momento anterior, circunstância que aumenta a reprovabilidade da conduta imputada ao custodiado”, afirmou o juiz Rafael Rezende em sua decisão.

A defesa do diplomata havia pedido o relaxamento da prisão alegando imunidade consular, mas o magistrado rejeitou. Procurada pela Reuters, a defesa do cônsul não quis se manifestar após a decretação da prisão preventiva.

“Em que pese se tratar de autoridade consular, inaplicável ao caso a imunidade prisional prevista na prisão em flagrante decorrente de crime doloso contra a vida, cometido no interior do apartamento do casal (logo, fora do ambiente consular) não guarda qualquer relação com as funções consulares”, acrescentou.

Segundo a delegada do casa, Camila Lourenço, o diplomata disse à polícia que o marido teve um mal súbito e caiu no chão do apartamento onde os dois moravam. Mas, segundo a polícia técnica, o belga tinha diversas lesões no corpo, algumas antigas, e a causa de morte foi um golpe na altura da nuca.

“A versão do cônsul é frágil e inverossímil“, disse a delegada à Reuters.

Um bastão de madeira foi encontrado no apartamento do casal. Os agentes da polícia também acharam cartelas vazias de ansiolíticos e recolheram frascos com bebidas. O apartamento estava com sangue espalhado pelo interior do imóvel, de acordo com a polícia.

A polícia investiga se a vítima teria sido dopada. “Vamos analisar esse material para saber se isso aconteceu”, afirmou a delegada.

De acordo com o juiz do caso, a prisão preventiva do cônsul é essencial para o bom andamento das investigações. O magistrado lembrou que foi feita uma limpeza no apartamento do casal antes da realização da perícia, o que “demonstra que a liberdade do custodiado poderia acarretar sérios gravames à colheita das provas necessárias ao julgamento” do caso.

“A liberdade nesta fase processual poderia acarretar sérios gravames à colheita das provas necessárias ao julgamento da demanda, sobretudo diante da probabilidade de vir a influenciar negativamente o depoimento das testemunhas, que se sentiriam constrangidas ou até intimidadas em prestar o depoimento de forma livre”, afirmou.

Procurado, o consulado alemão no Rio não respondeu a um pedido de comentário.

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