A Junta Nacional de Justiça (JNJ) destituiu na quarta-feira à noite a procuradora-geral do Peru, que estava suspensa das funções desde dezembro, por um caso de suposto tráfico de influência e favorecimento político.

“Por unanimidade, foi decidido destituir Patricia Benavides Vargas do cargo de procuradora suprema e, em consequência, do cargo de Procuradora da Nação por ter interferido na investigação sobre sua irmã Enma Benavides”, anunciou o presidente da Junta, Antonio de La Haza.

O plenário da JNJ, formado por cinco magistrados, considerou que a procuradora destituída cometeu infrações disciplinares graves ao demitir “de maneira degradante” a procuradora que investigava sua irmã, a juíza Enma Benavides, por determinar a libertação de traficantes de drogas em troca de supostos pagamentos.

A JNJ, organismo responsável por nomear, ratificar e destituir os juízes e procuradores, suspendeu Patricia Benavides por seis meses no dia 6 de dezembro por este caso.

A suspensão de Benavides pretendia impedir que, a partir de seu cargo, ela prejudicasse o avanço normal do processo disciplinar instaurado contra ela por, supostamente, liderar uma rede criminosa de tráfico de influência e troca de favores políticos, segundo a JNJ.

“Isto é um atropelo que dá vergonha”, disse Jorge Del Castillo, advogado de Patricia Benavides, ao criticar a decisão.

Patricia Benavides foi nomeada procuradora-geral pela JNJ em 2021, para um período de três anos. Desde dezembro, o cargo é ocupado de maneira interina pelo procurador Juan Carlos Villena.

A ex-procuradora e sua irmã sempre negaram um complô para destituir a procuradora Bethsabé Revilla, que comandava a investigação criminal contra a juíza Benavides.

“O tempo me deu razão porque eu estava defendendo a verdade”, reagiu a procuradora Revilla.

A JNJ também destituiu por maioria a juíza Enma Benavides do cargo que ocupava na Corte Superior de Justiça de Lima por considerar que sua interferência foi comprovada.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, se pronunciou em dezembro contra a continuidade no cargo da procuradora-geral questionada.

Patricia Benavides Vargas se recurou a renunciar ao cargo e chegou a ser defendida por alguns congressistas.

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