A justiça do Equador ordenou nesta quarta-feira (15) a libertação imediata do líder indígena Leonidas Iza, que é acusado pelo Ministério Público de paralisar o serviço de transporte público ao bloquear estradas durante protestos contra o governo, que prosseguem pelo terceiro dia consecutivo.


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“A juíza ordenou a libertação imediata e que ele se apresente periodicamente ao MP enquanto o julgamento começa”, disse à AFP por telefone Raúl Ilaquiche, que integra a equipe de defesa de Iza, presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie).

O MP confirmou a decisão em sua conta no Twitter e destacou que a justiça reconheceu a “detenção em flagrante” de Iza, que recebeu medidas alternativas à prisão por “suposta paralisação de um serviço público”.

Este crime pode ser punido com até três anos de prisão no Equador.

Iza lidera as manifestações contra o governo do presidente conservador Guillermo Lasso, nas quais os indígenas exigem a redução do preço dos combustíveis e a renegociação das dívidas dos trabalhadores rurais com os bancos.

A organização, que entre 1997 e 2005 participou em protestos que derrubaram três presidentes, também protesta contra a falta de empregos e a concessão de licenças de mineração em territórios indígenas, além de exigir um controle de preços dos produtos agrícolas.

“Continuamos com a luta, não vamos tirar o direito de ninguém, esperamos apenas que nossos direitos que estão sendo violados também sejam ouvidos”, declarou Iza depois de ser liberado.

O líder indígena estava em uma base militar da cidade andina de Latacunga (sul) e foi liberado uma hora após a audiência.

“Muita força, não vamos ficar desmoralizados”, disse Iza, segundo uma transmissão feita pelo Facebook pela Conaie.

O líder foi recebido por alguns apoiadores com abraços. “Viva a luta” e “Viva a greve”, gritaram os manifestantes. Uma indígena se aproximou de Iza e fez uma “limpeza”, que consiste em passar plantas consideradas medicinais sobre o corpo.

Os povos nativos representam pelo menos um milhão dos 17,7 milhões de equatorianos.

Iza, que foi detido na madrugada de terça-feira, está proibido de deixar o país e deve comparecer ao MP às quartas-feiras e sextas-feiras até 4 de julho, quando começará seu julgamento, informou a organização independente Observatório da Justiça.

A prisão do dirigente aumentou os protestos, com viaturas da polícia incendiadas, jornalistas agredidos, policiais bloqueados e poços de petróleo paralisados.

Em Quito, os manifestantes queimaram um veículo de patrulha e na região da Amazônia forçaram a paralisação das atividades nos poços da empresa chinesa PetroOriental, que calcula perdas de 1.400 barris por dia (bd).

Centenas de manifestantes seguiram até a sede do MP em Latacunga para criticar a detenção, que a Conaie considerou “violenta, arbitrária e ilegal”.

Na madrugada desta quarta-feira, as manifestações prosseguiam nos arredores de Quito. Uma longa fila de caminhões e alguns pneus em chamas bloqueavam o acesso à cidade.