A Promotoria de Nova York voltou atrás, nesta quarta-feira (6), e retirou as acusações contra três pessoas que possuiriam, supostamente de maneira ilegal, manuscritos da famosa canção dos Eagles “Hotel California”, uma reviravolta que colocou um ponto final ao julgamento.

No início da audiência desta quarta, um dos promotores, Aaron Ginandes, anunciou que houve a apresentação tardia de 6.000 páginas de correspondência entre certos protagonistas do caso que colocavam em dúvida sua solidez para continuar.

O juiz Curtis Farber validou a retirada das acusações e criticou duramente a atitude de Don Henley, testemunha-chave no julgamento como fundador, cantor e baterista da banda Eagles.

Ao examinar a troca de correspondência, o juiz considerou que “Henley e [Irving] Azoff”, empresário do Eagles, “utilizaram seu direito [ao sigilo profissional entre cliente-advogado) para se protegerem de um contrainterrogatório detalhado e completo”, disse o juiz.

“Está claro que as duas testemunhas e seus advogados […] utilizaram este direito para obscurecer e ocultar informação que achavam prejudicial para sua postura de que os manuscritos foram roubados”, acrescentou.

O magistrado considerou, ainda, que os promotores foram “aparentemente manipulados”.

Os três acusados eram Craig Inciardi, ex-curador do museu do Hall da Fama do Rock and Roll de Cleveland, o comerciante de livros raros Glenn Horowitz e Edward Kosinski, colecionador e negociador de memorabilia. Todos eram acusados por adquirir e tentar revender em leilão os manuscritos, mesmo sabendo de sua suposta origem duvidosa.

O caso remonta ao final da década de 1970, quando o grupo de rock californiano contratou um escritor para produzir uma biografia. Para isso, confiaram a ele uma centena de notas manuscritas que fizeram parte do álbum mundialmente famoso “Hotel California” e sua canção homônima.

O escritor nunca devolveu essas páginas, o que para Don Henley constituía um roubo. Não é o que pensa a defesa do escritor, que ressaltou que seu cliente não estava sendo processado no julgamento.

Segundo a acusação, os manuscritos foram vendidos em 2005 para Glenn Horowitz, que depois os revendeu a Craig Inciardi e Edward Kosinski.

Anos depois da separação da banda, Henley viu algumas páginas à venda na internet e, depois de entrar em contato com seu advogado e “dar várias voltas”, acabou comprando-as ele mesmo por 8.500 dólares (cerca de R$ 42.000 na cotação atual).

Era a forma “mais eficiente” e “prática” de “recuperar o que me pertencia”, argumentou o músico.

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