LA PAZ, 4 AGO (ANSA) – O juiz anticorrupção de La Paz, na Bolívia, Andrés Zabaleta, estendeu por mais seis meses a prisão preventiva da ex-presidente interina Jeanine Añez na noite desta terça-feira (3). Segundo o magistrado, “há o risco de fuga” e de “contaminação de provas” do processo se houver a libertação.   

Añez está no presídio de Miraflores, em La Paz, e é investigada por diversos crimes de violação de deveres e por tomar decisões contrárias ao que determina a Constituição do país, como a autorização de obtenção de crédito no Fundo Monetário Internacional (FMI) e a aprovação de decreto contra a liberdade de expressão dos bolivianos .   

Além disso, ela também é investigada em outro processo por terrorismo, sedição e conspiração para derrubar seu antecessor, o presidente Evo Morales, do cargo.   

Por meio da conta oficial em seu Twitter, assessores de Añez se manifestaram e criticaram a decisão. “Dividem um processo para prolongar a prisão de #JeanineAñez. Impõe uma audiência cautelar por mais seis meses de injusta privação de liberdade, violando os direitos humanos e as garantias. Sem Justiça na Bolívia, não há democracia”, diz o texto.   

Morales havia sido eleito para um quarto mandato em 2019, mas a oposição não reconheceu o resultado, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Ambos citavam “fraudes” no processo, mas um estudo feito por diversas universidades dos Estados Unidos no ano passado mostrou que o relatório da OEA tinha várias falhas técnicas e que não era possível dizer que houve problemas no pleito.   

Por conta da pressão de militares e por protestos patrocinados pelos opositores, Evo renunciou ao cargo – em medida que foi tomada por todos os seus sucessores até chegar a Añez, então segunda vice-presidente do Senado. Ela se autoproclamou presidente interina da Bolívia, em uma sessão parlamentar boicotada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), sigla de Evo, e governou por cerca de um ano.   

Depois de adiar as eleições diversas vezes, os bolivianos voltaram às urnas e escolheram Luis Arce, aliado de Evo, como seu novo presidente. (ANSA).