MELBOURNE, 21 AGO (ANSA) – O Tribunal de Recursos do estado de Vitória, na Austrália, confirmou, em primeira instância, nesta quarta-feira (21) a sentença contra o cardeal australiano George Pell, condenado a seis anos de prisão por pedofilia em março deste ano.   

A justiça rejeitou o recurso apresentado pela defesa do religioso por maioria de 2 votos a 1. O ex- número três na hierarquia do Vaticano ainda poderá recorrer.   

Pell foi considerado culpado de abusar sexualmente de dois adolescentes de 13 anos de idade que participavam do coral da Catedral de St. Patrick, em Melbourne, entre 1996 e 1997. Agora, os advogados do antigo prefeito para a Economia do Vaticano poderão apresentar um novo e último recurso ao Supremo Tribunal, o órgão judicial final da Austrália.   

Em declaração, a Santa Sé reiterou sua proximidade às vítimas e o empenho em perseguir os membros do clero responsáveis por abusos.   

Segundo o diretor da Sala de Imprensa, Matteo Bruni, o Vaticano demonstra o respeito pelas autoridades australianas, e “toma ato da decisão de rejeitar o apelo do Cardeal George Pell”.   

Bruni ainda ressaltou que “o cardeal sempre reiterou a sua inocência e que é seu direito recorrer à Alta Corte”.   

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Pell foi nomeado bispo auxiliar da arquidiocese de Melbourne em 1987, tornando-se arcebispo metropolitano da cidade em 1996. No final de 2003 foi considerado cardeal pelo então papa João Paulo II. Quase 10 anos depois, em abril de 2013, foi nomeado pelo Papa Francisco membro do Conselho dos cardeais e, em fevereiro de 2014, prefeito da recém-criada Secretaria para a Economia. No final de junho de 2017, após dois anos de investigação na Austrália, o cardeal foi formalmente incriminado com várias acusações por “crimes históricos de violência sexual” em dois casos separados. Pell, no entanto, declarou-se inocente de todas as acusações. Na ocasião, ele as considerou “falsas”. Com a decisão, o religioso se tornou o mais alto representante da Igreja Católica condenado em um caso de pedofilia. A denúncia contra Pell ocorreu depois de uma longa investigação iniciada em 2012. Na época, uma comissão ouviu milhares de depoimentos e escutou denúncias de abusos contra crianças envolvendo igrejas, orfanatos, clubes esportivos e até escolas. Hoje, depois da decisão do Tribunal de Apelações do estado de Vitória, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, afirmou que o cardeal será privado do título honorário da Ordem da Austrália, considerado a maior honraria do país. Criado em 1975, o título é concedido para reconhecer os méritos e serviços dos cidadãos australianos. Nos últimos anos, a Igreja Católica tem enfrentando acusações em todo o mundo relacionadas a casos de abusos sexuais cometidos por padres e bispos. A condenação de Pell confirma que os abusos chegaram aos mais altos escalões da Santa Sé.   

Jorge Bergoglio, inclusive, determinou novas diretrizes para lidar com os casos. (ANSA).   


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