12/07/2022 - 11:13
A Justiça de São Paulo concluiu que o delegado Paulo Bilynskyj foi baleado pela namorada Priscila Delgado de Barros e que ela se matou em seguida, após uma discussão entre o casal dentro do prédio dele, em São Bernardo do Campo (SP). O caso ocorreu em 20 de maio de 2020. As informações são do G1.
Conforme as investigações da Polícia Civil, Priscila tentou matar Bilynskyj por ciúmes. O delegado foi baleado seis vezes, passou por cirurgias e sobreviveu. A perícia Polícia Técnico-Científica esteve na residência onde ocorreu o crime e comprovou por laudos o relato do policial.
Como a autora dos disparos se matou, o Ministério Público pediu o arquivamento do caso. A Justiça arquivou o inquérito em 15 de junho de 2021. O caso estava sob sigilo judicial, que foi parcialmente suspenso há alguns meses.
Em nota ao G1, o delegado, atualmente com 35 anos, escreveu que a decisão da Justiça confirmou o que ele sempre havia dito: de que foi “vítima de uma tentativa de homicídio”. Ele também criticou, de maneira geral, a cobertura da imprensa no caso (veja a íntegra abaixo).
Para o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, que defende os interesses da família de Priscila, os pais dela ainda querem saber mais detalhes do caso. O defensor entrou na Justiça com um pedido para que o celular da modelo seja desbloqueado por uma empresa particular e que o aparelho depois seja entregue para perícia. Até o momento, não há decisão a esse respeito.
“Como é que eu vou saber se esse fato aconteceu ou não? Através da perícia no telefone celular da Priscila. Com quem ela conversou naquela noite, naquela manhã, momentos antes do crime… O que que aconteceu, o que foi dito, o que ela achou. O que que o Paulo falou, o que mandaram pra ela, o que ela mandou pra alguém”, falou José Roberto ao G1.
Íntegra da nota de Paulo Bilynskyj
“No dia 20 de maio de 2020 fui vítima de uma tentativa de homicídio, fui baleado 6 vezes, no peito, mão, braços e pernas. Permaneci entre a vida e a morte por 11 dias na UTI, passei por 3 cirurgias, tive o peito e o abdômen aberto.
Passei por um período de recuperação que ainda não se encerrou, recentemente sofri a amputação de um dedo, que tentei sem sucesso reparar com mais de 8 cirurgias.
O que mais me choca foi a forma criminosa como fui taxado pela mídia que, sem nenhuma prova, me acusou de feminicida.
O crime praticado contra mim foi apurado por um extenso Inquérito Policial, foram realizadas perícias que em 5 anos como Delegado atuante no Departamento de Homicídios nunca vi serem realizadas.
Em junho de 2021 o Inquérito concluiu o óbvio, que eu tinha sido vítima de uma tentativa de homicídio e que a autora suicidou-se.
O Ministério Público opinou pelo arquivamento do caso, tendo em vista a morte da autora.
O Juiz do caso determinou o arquivamento.
Por fim, deixo claro que sofri duas tentativas de homicídio, uma por uma mulher, outra por todos os repórteres que divulgaram informações falsas e absurdas sobre o caso.
Sinto-me extremamente decepcionado com a mídia e sua falta de honestidade intelectual. O mínimo que deveriam ter feito era um pedido formal de desculpas pelas falsas notícias divulgadas.
Dois anos do fato, um ano da decisão judicial e ainda assim nenhuma palavra.”
Relembre o caso
Segundo Bilynskyj, na noite anterior ao crime ele deixou o computador aberto e Priscila leu mensagens antigas dele com outra mulher. Ele relata que a modelo ficou chateada e o casal dormiu em quartos separados. No dia seguinte, de acordo com o delegado, o casal conversou e ele foi tomar banho.
“Na hora que eu abri a porta do banheiro, ela não falou nada, já tava com a arma atirando”, contou Bilynskyj em entrevista ao Fantástico, em junho de 2020.
Questionado sobre a versão dele de que Priscila teria tirado a própria vida, Bilynskyj afirmou: “Eu vi que ela atirou nela, eu não conseguia acreditar. Não faz sentido”. Ainda segundo o delegado, as armas estava no quarto em que ele passou a noite e Priscila nunca havia feito aulas de tiro com ele. “Nunca dei uma arma na mão dela”, lembra.
Ne entrevista ao Fantástico, Bilynskyj contou também que a namorada tinha muito ciúmes dele. “Eu deixei de seguir mais de 500 pessoas por causa do ciúme dela.”
O delegado permaneceu 13 dias internado no Hospital estadual Mário Covas, em Santo André, após ser atingido por seis tiros. Um dos disparos lhe deixou com dificuldades de locomoção. A briga entre o casal ocorreu no último dia 20 de maio.